O mundo paralisado. Olhos, alma, coração na ilha de Manhattan. 11 de Setembro de 2001 e nada voltaria a ser como antes. Uma década volvida, Kimberly Brandão é incapaz de esquecer. Filha de pais portugueses, natural de New Jersey, capitã da selecção feminina de Portugal e campeã nacional de soccer nos EUA.

«Tinha 17 anos na altura. Foi um dia assustador para mim e para a minha família. Aliás, os dias seguintes à tragédia também o foram», recorda ao Maisfutebol, voz embargada, semblante carregado.

«Jogava nos Rutgers, uma equipa da minha universidade em New Jersey. Lembro-me perfeitamente de tudo. Estava na escola quanto tudo aconteceu. Tive treino de futebol e a informação começou a chegar aos poucos. Nesse dia tudo mudou», conta Kimberly, actual defesa central dos New York Flash, detentores do título da Women¿s Professional Soccer (WPS).

E Kim continua a castigar a memória. A dificuldade é visível. E compreensível. «Alguns diziam que era um atentado, outros que era um acidente. Quando vi as imagens na televisão não queria acreditar. Foi um choque para todo o país», desabafa.

«Ficámos arrasados. Entrámos numa era de enorme tristeza, mas fico feliz por ver que, uma década depois, o país soube reerguer-se. Em Nova Iorque as pessoas ficaram mais unidas. Consigo sentir isso. Percebemos que todos nós, nova-iorquinos, perdemos alguém no World Trade Center.»

A efeméride obriga a uma reflexão. Dez anos. O soccer não para, mas junta-se ao movimento de homenagens que, um pouco por todo o mundo, carpe a dor emanada por um acto hediondo.

«O 11 de Setembro é importante todos os anos. É sempre especial. Eu treino uma equipa universitária, além de jogar, e vamos cumprir um minuto de silêncio antes do jogo.

O campeonato não é paralisado, apesar da relevância da data», refere Kimberly Brandão, filha de um minhoto e de uma açoriana, figura de excelência no futebol feminino em Portugal.

Para a despedida, mais uma ideia forte. À imagem da carga emocional deste momento. «É um dia em que nos lembramos de todos os que morreram. No fundo, sacrificaram-se por todos nós.»