José Mourinho foi o inevitável protagonista do ano, apesar de só indirectamente ter estado no evento de 2004 em Portugal, o Euro. No plano desportivo, Mourinho desta vez não venceu tudo, escapou-lhe a Taça de Portugal, para o Benfica de Camacho. Mas já ninguém parece recordar-se, porque do outro lado da balança está a notável conquista da Liga dos Campeões e mais um campeonato português.
Isto foi na primeira metade de 2004. Na segunda aproveitou para construir o Chelsea, na aparência a mais forte equipa europeia do momento. Ver-se-á em 2005 se também já é a melhor. Nada como uma eliminatória com o Barcelona para o perceber.
Entre o Porto e Londres, uma transferência atribulada. Pinto da Costa não engoliu bem o virar de página de Mourinho. O treinador acabou por ser o menos exuberante na festa da Liga dos Campeões e optou mesmo por seguir para casa com a família quando todos os outros comemoravam nas ruas da cidade.
A história do Hélder foi a mais infeliz do ano e à medida que vamos conhecendo melhor os protagonistas fica reforçada a ideia que a estrutura do F.C. Porto poderia ter feito muito mais para proteger um treinador que lhe deu tudo. Para escrever o mínimo sobre um episódio que infelizmente o ano de 2004 não serviu para fechar.
Porque os adeptos sabem respeitar que lhes dá o que gostam ¿ bom futebol e vitórias ¿ Mourinho acabou o ano a ouvir os aplausos no Estádio do Dragão. No dia mais estranho do ano portista, com o presidente no tribunal e a
equipa a seguir para a segunda fase da Liga dos Campeões, Mourinho mereceu o reconhecimento.
Para quem gosta de dizer que Mourinho tem sorte, 2004 foi um mau ano. O treinador português foi muito feliz uma vez, de facto, quando viu Costinha marcar em Old Trafford, no último suspiro. Mas o que tem feito no Chelsea prova que há ali muito, mas mesmo muito, mais do que sorte.
Mourinho acaba o ano como o treinador mais bem pago do futebol mundial e apesar da pouca idade não custa dizer que vale quanto ganha.
Apesar de não ter estado no Euro, Mourinho acabou por não passar ao lado do Campeonato da Europa. Afinal, a Selecção só cresceu quando começou a jogar «à F.C. Porto» e os comentários do treinador ao Portugal-Espanha, na TVI,
foram unanimemente considerados os melhores da prova e um exemplo de como falar de futebol.
Para qualquer um, o único problema de um ano assim seria elevar demasiado a fasquia. Com Mourinho é arriscado afirmá-lo. Em 2003 ganhou a Taça UEFA, em 2004 a Liga dos Campeões, entra em 2005 à frente da Liga inglesa. Seguramente será uma das figuras do próximo ano. E ainda bem.