No futebol os erros fazem parte. Existem erros normais e graves. Uns que se superam, outros que nem por isso. Há sempre uma causa para os erros, mas são sobretudo as consequências que têm ou não impacto. Persistir no erro ou crescer por força dele é decisão de cada um.



No dia-a-dia do jogador, em treino ou competição, a tomada de decisão está sempre presente. É no passe, na forma como se posiciona, no corte que faz, no remate ou no movimento de apoio ou ruptura. O erro está muito próximo.

Também no momento de escolher o clube, existe decisão e por vezes erros. Que clube? O que permite melhor perspectiva de carreira? O que dá mais dinheiro? Onde tem possibilidade de jogar? Renovo ou não? E se não recebo, rescindo ou espero? Variáveis que têm de ter em conta na decisão e viver com ela.

Este fim-de-semana assisti a momentos em que a decisão e o erro estiveram lado a lado. Em Olhão, o jovem Pelé do Olhanense acabava a primeira parte com um amarelo mas, na sequência do lance com Vítor, viu o segundo, logo também o vermelho. Pelé deixou os colegas sozinhos, imagino o que ia na cabeça deles. O que fazer? Castigá-lo, afastá-lo ou deixar passar como se nada tivesse acontecido? Acredito que será tratado como deve ser mas só quem não andou lá dentro é que julga que isto não acontece.

O jogo vive de pressão, de dificuldades, de momentos como este. E aí é preciso controlo emocional, a ajuda de um companheiro e por vezes até de um adversário para acalmar. E isso faltou. Um gesto e/ou uma palavra podem simplicar algo que se adivinhava complicado. Não procuro desculpabilizar (e não o faço) o Pelé, mas tento compreender porque vivi também estes momentos. Por vezes fica-se fora do jogo sem saber. Não há pior castigo do que esse. Claro que irem ao salário dói mas custa mesmo é não poder jogar. Quando isso lhe é retirado, parece que o mundo cai. Pelé procura ainda a sua afirmação e estas não são atitudes que o fazem lá chegar. Que lhe sirva de exemplo e o faça crescer. Foi apenas um percalço no que espero seja uma boa carreira. Depende dele.



Nesse mesmo jogo, aos 15 minutos, o experiente Ricardo do Paços de Ferreira, tem um atraso mal calculado e coloca a bola nos pés do avançado Mehmet. Golo. Erro grave. Não precisa que lhe digam, os seus 33 anos não o fizeram vacilar. Apesar do erro foi seguro, eficaz. Fez tudo o que era possível para ajudar a sua equipa a vencer mas nem o empate foi conseguido.



Ricardo é o culpado da derrota? Não. O seu erro deu golo mas a sua equipa, apesar da superioridade não foi capaz de materializar os lances e ser eficaz. E ninguém ganha ou perde nada sozinho. Habituado a trabalhar em equipa sei que é assim mesmo apesar de em dado momento o jogador A ou B ter uma maior influencia, seja positiva ou negativa. O erro não é apenas exclusivo dos guarda-redes ou dos defesas. Os avançados também entram neste lote mas normalmente toda a gente é mais condescendente com quem falha em frente à baliza. Aconteceu com Carlão. Com a baliza aberta, dominou mas inexplicavelmente rematou para fora. Mais uma vez, só acontece a quem está lá dentro¿e provavelmente não se falaria de Ricardo.

E a distração de Maxi? O seu erro deixou a Luz em pânico. A equipa reagiu e marcou quando menos se esperava, libertando fantasmas bem recentes. Até Jesus, em momento de enorme descompressão, distribuiu abraços.

O caso Bruma é outro erro. Há várias perguntas sem resposta mas se Bruma só queria jogar, e era o que precisava, o que o levou a decidir assim? Os actos e as palavras não jogam. Cada um tem a sua história e é difícil perceber quem tem razão, mas a decisão da CAP foi favorável ao Sporting. Aguardemos pelos próximos capítulos.

Por último, após cinco clubes, Diogo Rosado chega a Setúbal. Com 23 anos é um jovem com qualidade e potencial, mas que vem adiando a sua afirmação. Tem excelente pé esquerdo, mas é um erro pensar que só isso chega. São necessários outros argumentos e esta é a altura de Diogo.