Era um espectáculo dentro do espectáculo e merecia ser acompanhado com um olhar especial. O Maisfutebol seguiu com particular atenção as movimentações de Lucho e Aimar dentro de campo, procurando encontrar nos maestros argentinos a resposta para as perguntas que se sucediam.

Primeiro ponto: Aimar entrou mal no jogo. Ao fim de vinte minutos, tinha cinco intervenções no jogo, o compatriota do F.C. Porto tinha o triplo. A colocação do número 10 encarnado muito próximo de Cardozo, mais como avançado do que como médio, praticamente o retirou de jogo.

O minuto 11 é lapidar: o Benfica ganha a bola no centro do terreno e Aimar recua até à linha de meio-campo para entrar em jogo, mas Fernando segue-o praticamente até à defesa adversária. Aimar não esconde a frustração: volta as costas e regressa ao ataque. Sem tocar na bola.

Enquanto isso, Lucho assume-se. O número 3 do F.C. Porto surge discreto entre linhas, recebe, toca, combina, liberta colegas. A formação de Vítor Pereira está por cima e fá-lo por causa dele. A percentagem de passes certos é esmagadora: nove passes certos para um errado.

O vigésimo minuto marca uma inversão. Que parte de um terceiro elemento: Witsel. O belga sobe ligeiramente no terreno, o Benfica aumenta a pressão na primeira zona de construção do F.C. Porto e começa a ter mais bola. A partir dessa altura Lucho torna-se um peixe que salta da água.

O médio portista soma até ao final da primeira parte dois passes errados e quatro perdas de bola. Praticamente só aparece numa combinação com Janko, aos 35 minutos, que deixa o austríaco na cara de Artur. Aquilo não era um passe, era uma assistência: o companheiro desperdiçou o golo.

Segundo ponto: quando Lucho desaparece, Aimar entra em jogo. O benfiquista nunca atingiu o fulgor do compatriota, mas foi um pouco mais Aimar. Até ao final da primeira parte entra onze vezes no encontro, faz sete passes certos e só perde duas bolas. O Benfica cresce com ele.

Chega o golo e sai para o intervalo empatado. Um empate que durou pouco mais do que a interrupção do jogo: no regresso dos balneários, Cardozo faz o segundo golo. Assistência de Aimar, que nesse momento atinge um brilho no jogo que Lucho não conseguiu ter. Nunca foi tão decisivo.

Aos 52 minutos acaba este duelo: Aimar não recupera de um toque e é substituído por Rodrigo. Aos poucos o Benfica vai perdendo fulgor. Parece que se acentua um fosso no meio-campo que deixa Rodrigo e Cardozo muito longe da restante equipa. Com isso o F.C. Porto vai crescendo, crescendo.

Lucho parece crescer com a equipa. O argentino recomeça bem o jogo. Com o tempo, porém, vai perdendo influência. Na segunda parte soma treze intervenções, contra vinte da primeira. Na parte final sai de jogo: a bola anda muito no ar e pouco no chão. O que mostra como foi menos Lucho.

No fim foi ele que celebrou. Com justiça: a melhor altura do F.C. Porto foi detonada pelo perfume inconfundível do futebol dele. Aimar fez uma assistência, é certo, e foi obrigado a sair cedo de campo, também é certo, mas mesmo enquanto durou nunca foi tão influente. Dizem os números.

Dados estatísticos:



Aimar Dados Lucho
52 Minutos 90
18 /17+1) Intervenções no jogo 33 (20+13)
1 (1+0) Remates 0
1 (0+1) Assistências 1
7 (7+0) Passes certos 19(14+5)
2 (2+0) Passes errados 5 (3+2)
3 (3+0) Perdas de bola 5 (4+1)