O Atlético de Madrid tem uma ligação forte com Portugal e contou com vários jogadores lusos nos seus quadros ao longo dos últimos anos. Porém, essa realidade mudou e Tiago é o único resistente.

A análise centra-se habitualmente nos elementos da equipa masculina mas há mais uma representante portuguesa no emblema colchonero: Ana Borges.

Jogadora de 23 anos, natural da Guarda, Ana Borges chegou no início da temporada a Madrid para lutar pelo título espanhol.

A internacional portuguesa conhece o país desde 2008. Nessa altura, assinou contrato com o Prainsa Saragoza e adaptou-se à nova realidade. Nos últimos meses, esteve no futebol dos Estados Unidos. Entretanto, surgiu o convite do Atlético.

«A adaptação não foi fácil ao início, porque estava habituada a jogar num clube que lutava pelos oito primeiros lugares. Agora, jogo numa equipa que luta pelo título», frisa Ana Borges, em entrevista ao Maisfutebol.

No último sábado, o Atlético de Madrid visitou o líder Barcelona. A formação catalã venceu por 2-1 num jogo de extrema importância mas a portuguesa não baixa os braços. «Seria fantástico conseguir um bom resultado mas continuamos a pensar que, de qualquer forma, ainda falta muito campeonato.»

Ana Borges joga habitualmente pelos flancos e mostra-se satisfeita com a aposta no futebol espanhol. «Foi difícil quando saí de Portugal, tinha acabado de fazer 18 anos e estava a disputar um campeonato distrital. Surgiu a oportunidade e tive de agarrar, porque não havia soluções em Portugal para ter um futuro igual.»

«O futebol feminino em Portugal está a evoluir mas ainda está longe da realidade aqui de Espanha, por exemplo. Aqui sou profissional e só jogo. Em Portugal não se recebe para isso, todas as jogadoras estão a estudar ou a trabalhar», salienta.

O sucesso está à vista. Recentemente, foi uma das nomeadas para o prémio de desportista do ano atribuído pela Confederação de Desporto de Portugal. «Não estava nada à espera, sinceramente, fiquei surpreendida. Foi algo especial para uma jogadora de futebol feminino. Penso que foi um reconhecimento também para a modalidade, porque não se consegue nada sozinha.»

Sara Moreira, campeão da Europa dos 3.000 metros em pista coberta, venceu a eleição.

O Atlético de Madrid luta pelo título em Espanha e tem jogadores de grande qualidade. Ainda assim, seria difícil imaginar um confronto equilibrado com a equipa masculina. «Há jogadoras aqui c om muita qualidade. Em termos de qualidade, podiam estar ao nível dos homens, mas claro que eles têm outra capacidade física, seria muito difícil equiparar.»

Ana Borges vai acompanhar, naturalmente, o Atlético-FC Porto desta quarta-feira. «Por acaso até sou do Sporting e estou a gostar desta época. Mas neste jogo, mesmo representando o Atlético de Madrid, vou torcer pelo FC Porto. Portuguesa acima de tudo.»

«Não sei se conseguirei ir ao estádio, porque muitas vezes os jogos coincidem com a hora dos nossos treinos e não nos é permitido ir», explica.

A equipa feminina do Atlético de Madrid trabalha na cidade desportiva de Majadahonda. «Treinamos e jogamos no complexo desportivo do Atlético de Madrid e muitas vezes acabámos por nos cruzar com a equipa masculina. Ainda não consegui falar com o Tiago mas vou tentar.»

«O Atlético está num grande momento de forma e toda a gente aqui em Espanha diz que veio trazer uma nova forma de jogar ao campeonato. Não é o tiki taka do Barcelona, é um futebol mais simples e direto mas que garante vitórias e dá muita segurança. Vai ser difícil para o FC Porto», remata a jogadora portuguesa.