Num painel que também contou com Paulo Bento, Paulo Jorge Pereira, selecionador nacional de andebol, foi um dos convidados da 2.ª Conferência Bola Branca, cujo tema era «Talento, ética e igualdade no desporto».

O treinador de 58 anos começou por explicar o que é, na sua ótica, o talento.

«O talento no desporto e no restp é quase a mesma coisa. Jogador talentoso é o que decide rapidamente, e bem, o que decide fazer. E depois com os recursos técnicos adequados. E deixei a coisa mais importante para o fim, que é a gestão das emoções. Há jogadores muito talentosos que depois não conseguem gerir as emoções», disse.

Depois, Paulo Jorge Pereira falou sobre o seu papel na Seleção Nacional e na tal gestão do talento que tem de fazer.

«Em relação à seleção de andebol, sou mais um elemento a contribuir. A maior parte do trabalho até é dos clubes, os jogadores normalmente chegam-nos já formados. Mas tentamos ajudar em alguma coisa. E agora com os jogadores presentes nos mundiais e nos europeus é um acrescentar de experiência que lhes permite evoluírem mais também nos clubes. Cada vez em Portugal se treina melhor, fomos percebendo que não basta ter talento, também é preciso trabalhar, e muito. Desmontámos um pouco o mindset  já não vamos para perder, vamos para ganhar», referiu.

E é mais fácil gerir ou criar talento? «É mais fácil gerir talento, o talento não dá para criar, já existe. Há treinadores um pouco egoístas. Eu demorei algum tempo a perceber que eu é que tinha de estar à disposição dos meus jogadores e não o contrário. Na minha cabeça estava “eu digo e tu fazes”. Agora já não é bem assim. Agora olho e percebo o que cada jogador pode dar. Gerir talento é o que temos de fazer. Há sempre os egos, também os dos treinadores: às vezes até tomamos más decisões por causa disso», defendeu.