O ano de 2018 trouxe novas histórias ao futebol de Portugal e dos portugueses. No país, na Europa e no resto do mundo. Entre conquistas, recordes, marcas, episódios negativos e desilusões, eis os dez nomes nacionais do ano futebolístico que agora finda.

Sérgio Conceição

Após quatro anos seguidos do Benfica a dominar a Liga, Conceição quebrou a hegemonia recente dos encarnados com o título nacional que fugia ao FC Porto desde 2013. Mais que isso, um jejum de quase cinco anos sem que os azuis e brancos conquistassem qualquer título.

Conceição foi aposta firme de Pinto da Costa, que o resgatara no início da época passada após negociações com o Nantes. O técnico chegou, reconheceu uma casa na qual já foi jogador e impôs um estilo pragmático, ao ataque, com raça e de olhos postos na baliza contrária. A vitória com o golo de Herrera na Luz lançou os dragões na pole-position e o título confirmou-se até sem jogar, fruto do empate no dérbi Sporting-Benfica.

Mais tarde, em agosto, a conquista da Supertaça, ante o Desportivo das Aves, em Aveiro. A liderança na Liga defendida no final de 2018, a melhor equipa na fase de grupos da Liga dos Campeões ou o recorde igualado de 15 vitórias consecutivas no clube.

O próximo ano é verdadeiramente desafiante, sobretudo, na hegemonia nacional. Para 2019, o FC Porto parte ainda vivo em todas as competições.

José Mota

Está ligado a uma das páginas mais bonitas da história do futebol do Desportivo das Aves, clube do concelho de Santo Tirso.

Quase 88 anos após a fundação do emblema avense, José Mota conduziu a equipa vermelha e branca à conquista da primeira Taça de Portugal da sua história. Foi a 20 de maio, logo na primeira final do currículo do clube, ante o Sporting, no Jamor. Um bis de Alexandre Guedes, perante o golo de Fredy Montero, resolveu as contas da prova rainha e levou a festa noite dentro para a Vila das Aves. O herói do jogo, aliás, marcou ante a equipa de formação e coroou a época com uma transferência para o Vitória SC.

Além disso, o técnico português, que em 2016/2017 levara o Desp. Aves à subida à Primeira Liga, orientou a equipa à primeira manutenção de sempre no principal campeonato do futebol português em 2018. Histórico.

Hélio Sousa

As seleções jovens voltaram a dar cartas em 2018 e conquistaram um título inédito para o currículo de Portugal. A 29 de julho, a equipa das quinas sagrou-se campeã europeia de sub-19, com Hélio Sousa ao comando. Um título que já tinha fugido em três finais aos portugueses no novo formato, mas que a geração de 1999 não deixou fugir na Finlândia, ante a Itália, ainda que só no prolongamento.

Trabalho notável dos mais tenros, que mostraram grande maturidade para fazer a festa juntos. É que 11 dos campeões em sub-19 tinham sido, dois anos antes, campeões europeus em sub-17.

Um trabalho acompanhado e comandado por Hélio Sousa, que em dois anos levou Portugal a dois dos mais importantes títulos de seleções jovens na Europa.

Entre os notabilizados em campo, João Filipe e Trincão, que se sagraram os melhores marcadores da competição. Mas muitos outros a saltarem para a ribalta e a ficarem sob atenção do futebol, desde Rúben Vinagre, Florentino, Diogo Queirós, Domingos Quina, Miguel Luís ou José Gomes.

Bernardo Silva

Chegou, viu, jogou que se fartou em Inglaterra. E venceu. O ano 2018 foi de conquistas para o talentoso futebolista português, uma das maiores figuras do Manchester City de Pep Guardiola.

Começou por conquistar a Taça da Liga, com uma vitória robusta por 3-0 sobre o Arsenal, a 25 de fevereiro. Mais tarde, a 15 de abril, uma derrota do rival e vizinho United permitiu a festa antecipada do título da Premier League. Em agosto, seguiu-se a Community Shield – Supertaça inglesa – com um triunfo sobre o Chelsea, por 2-0, graças a um bis de Aguero, um dos golos assistido pelo extremo português.

2018 foi, em absoluto, um misto de reconhecimento do clube inglês e de afirmação. Bernardo, que já tinha brilhado no Mónaco após não ter sido totalmente espremido nas suas qualidades no Benfica, foi o jogador que em mais jogos participou na época passada pelo Manchester City – 53 – apesar de não ter sido o homem com mais minutos.

Também deixou a sua marca pela seleção no Mundial 2018, na Rússia, para o qual foi indiscutivelmente convocado e uma das principais opções de Fernando Santos.

Vítor Pereira

O treinador português fez figura na China em 2018 e entrou para a história lusa no país asiático e também para os livros das conquistas dos técnicos de Portugal.

Aos 50 anos, Vítor Pereira sagrou-se, ao serviço do Shanghai SIPG, o primeiro treinador português campeão nacional na China, com a conquista do título este ano, que tirou a hegemonia recente ao hexacampeão Guangzhou Evergrande.

Foi a 7 de novembro, na 29.ª e penúltima jornada da liga, que o Shanghai SIPG confirmou o título nacional e a festa, o primeiro da história do clube.

Com isto, Vítor Pereira fez história por outros motivos, ao tornar-se o terceiro treinador português, depois de Artur Jorge e José Mourinho, a ser campeão nacional em três países diferentes. Antes, Pereira já o tinha sido pelo FC Porto, em Portugal, além do Olympiacos, na Grécia.

Nuno Espírito Santo

Depois do FC Porto, o treinador português rumou pela primeira vez na carreira a Inglaterra e guiou o Wolverhampton à Premier League de Inglaterra. Uma época sublime, na qual os Wolves conquistaram o Championship, com um total de 99 pontos.

A festa da subida começou a ser feita em abril, até fora de campo, fruto de um empate do Fulham com o Brentford, na 43.ª de 46 jornadas. Uma semana depois, na antepenúltima jornada, a equipa inglesa garantiu o título de campeã, o quarto da sua história no segundo escalão.

Entre os consagrados, mais seis portugueses a brilhar em campo, sob a batuta de NES. Os defesas Roderick Miranda e Rúben Vinagre, o médio Rúben Neves, os extremos Hélder Costa e Diogo Jota e o avançado Ivan Cavaleiro. Destes, apenas Roderick não seguiu com a equipa para a Premier League, mas houve mais dois lusos a chegar: Rui Patrício e João Moutinho.

Além do título coletivo, Nuno Espírito Santo foi ainda considerado o melhor treinador do Championship. E o percurso na Premier League, para já, assenta em alguma estabilidade, a meio da tabela classificativa.

Cristiano Ronaldo

Não foi o melhor do mundo e a conquista do The Best e da Bola de Ouro foram para Modric a fechar. Mas 2018 voltou a ser um ano de conquistas, marcas e muito futebol do jogador português. Quem vai esquecer aquele hat-trick no Mundial 2018 ante Espanha? É um exemplo.

Antes da seleção, na Rússia, Ronaldo conquistara a quinta Liga dos Campeões de clubes, a terceira consecutiva e a quarta em cinco anos pelo Real Madrid. Igualou, como jogador, os troféus da liga milionária que alguns clubes têm: Barcelona, Bayern e Liverpool. Notável.

Nota ainda para outras marcas: Ronaldo tornou-se o primeiro jogador a marcar em dez jogos consecutivos na Champions, foi o primeiro a chegar às 100 vitórias e tornou-se o português com mais finais.

Um ano que marca, também, a mudança de Ronaldo do Real Madrid para a Juventus, ao fim de nove épocas nos merengues. Já nos italianos, o português chegou aos 400 golos nas principais ligas europeias. Venha um 2019 desafiante, por terras transalpinas.

Paulo Fonseca

Mais um ano de afirmação e vinco do treinador português na Ucrânia, ao serviço do Shakhtar Donetsk. Em 2018, de novo imposta a superioridade nas conquistas internas, sobretudo perante o principal adversário dos últimos anos, o Dínamo Kiev, apesar da equipa da capital ter resgatado a Supertaça, em agosto.

Maio foi o mês da consagração de Fonseca, após um ano em que esteve com a equipa nos oitavos de final da Liga dos Campeões, não chegando aos «quartos» devido aos golos marcados fora, na eliminatória ante a Roma.

A 9 de maio, na Arena Dnipro, o Shakhtar Donetsk venceu a Taça da Ucrânia, ao bater o Dínamo Kiev por 2-0. Foi a terceira taça consecutiva nas últimas épocas, a segunda com Fonseca.

Depois, dia 13, a equipa laranja garantiu o título nacional na Ucrânia, na penúltima jornada. Foi a revalidação da época 2016/2017 e o segundo com Paulo Fonseca ao comando.

Jorge Jesus

Um misto de festa e sofrimento em 2018. O agora treinador do Al Hilal começou por conquistar, em janeiro, o segundo título como treinador ao serviço do Sporting: a Taça da Liga. A luta pelo campeonato foi estando acesa até às últimas jornadas, mas não só se gorou pelos leões pelo terceiro ano consecutivo, como acabou na perda da Taça de Portugal para o Desp. Aves, pelo meio com todo o caráter triste daquele 15 de maio, com a invasão à Academia de Alcochete. Era o início do fim no Sporting, não só mas também para Jesus, que rumou depois à Arábia Saudita.

Por terras árabes, já ergueu a Supertaça do país e está na liderança do campeonato.

José Mourinho

Um ano que acaba com o despedimento do Manchester United, a 18 de dezembro. E particularmente difícil a nível de conquistas pelo emblema inglês.

Conseguiu chegar ao segundo lugar na Premier League 2017/2018, com 81 pontos, com consequente acesso direto à Liga dos Campeões desta época, edição na qual deixou a equipa apurada para os oitavos de final, num grupo com Juventus e Valência. Chegou à final da Taça de Inglaterra, mas perdeu-a para o Chelsea, em maio.

Contudo, nem tudo foi estável, sobretudo a nível interno, da estrutura e da relação com o plantel aos resultados. A queda caseira ante o secundário Derby County na terceira ronda da Taça da Liga é disso exemplo pragmático. Ou o sexto lugar ao fim de 18 jornadas de campeonato, a 19 pontos da liderança, agudizando a ausência do título nacional para os red devils.

[Artigo originalmente publicado às 23h53 de 23-12-2018]