O defeso tem sido intenso para os adeptos dos três principais emblemas do futebol português, confrontados com alterações profundas nas dinâmicas dos seus clubes. Sporting e Benfica, clubes que arrecadaram as competições internas da última temporada, mudaram de liderança técnica e o FC Porto viu partir figuras importantes como Danilo, Jackson Martínez, Casemiro e Óliver Torres.

«O jogador brasileiro perdeu qualidade, domina e passa mal»

As trocas têm sido acompanhadas de perto pelo Mano Menezes, que está em território português há mais de um mês a participar no curso UEFA-Pro que decorre em Fátima. Confrontado com todas estas mudanças, o treinador brasileiro socorre-se da realidade brasileira para dizer que em Portugal os processos são «muito mais calmos».

«A pré-temporada aqui em Portugal é diferente do Brasil, onde se oscila mais na composição das equipas. Lá somos obrigados a formar uma equipa a cada seis meses e isso é péssimo para os treinadores, que acabam por pagar a conta quando as coisas não funcionam. Em Portugal as coisas são mais estáveis nas principais equipas como Benfica, FC Porto e Sporting. Apesar de perderem alguns jogadores, acaba por não ser em grande número e mantém-se uma base importante que favorece o trabalho do treinador», analisou em entrevista exclusiva ao Maisfutebol.

Mano Menezes conta como chegou ao comando da seleção brasileira

A contratação de Rui Vitória para treinador do Benfica foi uma das principais movimentações do mercado português, até porque se seguiu à controversa saída de Jorge Jesus para o rival da Segunda Circular. Mano Menezes destaca o trabalho realizado por Jesus ao longo das últimas seis temporadas, mas acredita que o seu sucessor estará preparado para a exigência que significa orientar o Benfica.

«Da mesma forma que quando apareceu o convite da seleção brasileira só havia duas opções – aceitar e estar preparado para o desafio ou recusar e arrepender-me para o resto da vida – penso o mesmo em relação ao Rui Vitória. Os convites não aparecem a toda a hora e temos de estar preparados. Se o Benfica o escolheu [Rui Vitória] é porque acredita no seu trabalho» sublinhou.

Para Mano Menezes o início de temporada será fundamental para os clubes: ganhar confere uma almofada motivacional e perder pode trazer sentimentos negativos.

«Acho que os três clubes partem muito próximos e em condições de ganhar. Vai depender muito do início de cada um: quem não arrancar bem começa com uma pressão muito grande e, às vezes, as coisas tendem a piorar. Quem arrancar bem já tem mais tranquilidade e isso é muito importante», considerou.

Mayke (Cruzeiro) tem sido apontado como potencial reforço do Benfica e merece elogios de Mano Menezes

De resto, como é habitual, vários nomes provenientes do campeonato brasileiro têm sido apontados como potenciais alvos de clubes portugueses para a próxima temporada. Um dos mais falados tem sido Mayke: lateral direito do Cruzeiro que tem sido apontado como potencial sucessor de Maxi Pereira.

«Mayke é um lateral direito de muita qualidade. É muito intenso, jovem e tem um grande futuro à sua frente. A equipa que o contratar vai fazer uma aposta certeira. Pode ser o futuro lateral da seleção brasileira, muito à imagem daquilo que é Dani Alves: joga curto, tem capacidade de jogo interior e exterior e acaba bem as jogadas. Corre para os dois lados e isso é muito importante. Sabe-se que o jogador brasileiro joga com uma intensidade muito grande para a frente e para voltar vem um pouco mais devagar. O Mayke não! Recupera rápido e é um jogador para se afirmar na Europa, não tenham dúvidas nenhuma», vincou.

As palavras positivas do antigo selecionador brasileiro estendem-se a Jonas. Mano Menezes conhece bem as caraterísticas do melhor marcador do Benfica na última temporada e chegou mesmo a chamá-lo para os trabalhos da seleção.
 
«Trabalhei com o Jonas na seleção e no Grémio. É um avançado que oferece várias opções ao treinador e é muito forte na finalização», rematou.