Luís Filipe Vieira revelou que teve um princípio de depressão e que foi chamado por um banco para esclarecer se havia corrupção no Benfica. O testemunho do antigo presidente encarnado foi prestado durante a sessão de julgamento sobre a revelação dos e-mails por parte do Porto Canal, que decorreu esta tarde no Campus da Justiça, em Lisboa.

«Tive um princípio de depressão. Na rua senti-me um bocado envergonhado. O Benfica sofreu penalizações e eu também, que era o rosto. Isso fere. Aquilo era demais. Só para quem viveu o momento. Ninguém tinha paz, a minha mulher era confrontada no cabeleireiro, na padaria... Não conseguíamos fazer nada no Benfica, estávamos parados. Até que entregámos o caso aos advogados», começou por testemunhar Vieira, revelando em seguida: «Tudo o que Benfica fez foi através de empréstimos bancários. Começámos a ser respeitados. Quando aconteceu isto dos e-mails, fui chamado ao BCP para me perguntarem me se havia corrupção no Benfica. Tivemos problemas com contratos de patrocínios, como o da Emirates, porque passámos a ser conhecidos por um clube de corruptos. O negócio com um grupo chinês, em que estava previsto recebermos 79 milhões de dólares, perdeu-se.»

O antigo presidente sustenta a versão de que quem revelou os e-mails o fez com o intuito de manchar o nome da instituição, refutando a tese do advogado de defesa do diretor de informação do FC Porto, Francisco J. Marques, de que foram as buscas judiciais que contribuíram para essa suspeição sobre os encarnados.

Questionado sobre se recebeu ou enviou certos e-mails considerados suspeitos, Vieira recusou responder, tendo em conta que foi aberta outra investigação aos conteúdos dos e-mails por causa de um alegado esquema de corrupção de árbitros para beneficiar o Benfica.

«Podemos definir isto como um assalto que fizeram ao Benfica», salientou o antigo presidente.

No julgamento, retomado esta terça-feira, Francisco J. Marques, Diogo Faria e Júlio Magalhães respondem por crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, acesso indevido e ofensas a pessoa coletiva agravados.