David Neres vai falhar o primeiro jogo oficial do Benfica, a Supertaça Cândido Oliveira, pelos insultos que dirigiu a Otávio no final da última temporada, mas não vai ser punido por outras declarações fortes que dirigiu aos adversários, FC Porto e Sporting, na celebração do título. O Conselho de Disciplina da Federação veio esta quarta-feira a público, através de um acórdão, explicar que não há certezas quanto à «genuinidade ou integridade» do vídeo em causa.
No polémico vídeo, que terá sido gravado no decorrer dos festejos do título do Benfica, ouve-se o jogador brasileiro a dizer «chupem lagartos» e «chupem tripeiros».
O acórdão do Conselho de Disciplina começa por destacar que o jogador do Benfica alegou «desconhecer por completo a existência desses vídeos», o respetivo «conteúdo» e os seus eventuais autores, colocando mesmo em causa «se os vídeos são ou não verdadeiros».
Apesar da voz de David Neres sem bem percetível no áudio do vídeo, o Conselho de Disciplina considera não haver «segurança e certeza jurídicas suficientes quanto à genuinidade ou integridade do vídeo, nem de que a sua divulgação/produção tivesse sido autorizada até porque foi realizado num contexto de reserva (mesmo que se admita uma permissão na sua obtenção)».
Neste contexto, o jogador do Benfica acabou por ser absolvido. «No caso concreto, a impossibilidade de valoração de tal vídeo prende-se com a circunstância de tal vídeo não ter captado a imagem de pessoas num espaço e momento públicos, mas sim num contexto de reserva – momento posterior ao jogo e já depois do público ter saído do estádio, tendo ficado apenas os jogadores e algumas outras pessoas afetas ao clube a celebrar», acrescenta o acórdão.
Recordamos que David Neres já tinha sido suspenso, por um jogo, pelos insultos que dirigiu a Otávio e Pote numa transmissão em direto que fez a caminho do Marquês de Pombal, recorrendo também às expressões «chupa» e «chora bebé». Neste caso, o Conselho de Disciplina teve menos dúvidas.
«Tais expressões, apesar de não constituírem difamação ou injúria, não são neutras, inócuas ou assépticas pois valem pelo e no seu exato contexto: são vexatórias e procuram exibir a vitória de um campeonato como forma de humilhar os adversários, o que é uma gritante violação do fair-play, abalando a imagem e credibilidade das competições além de constituírem um sério risco de potenciação do gérmen de fenómenos de violência desportiva», lê-se ainda no documento divulgado esta quarta-feira.
Neste último caso, David Neres explicou que proferiu as referidas expressões num «contexto de euforia pela conquista do título de campeão nacional». O Conselho de Disciplina valorizou, acima de tudo, a identificação de dois colegas de profissão. «Ao prestar as declarações em causa, teve intenção e quis diretamente humilhá-los», destaca ainda o órgão disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol.