O Ministério Público (MP) confirmou, esta quarta-feira, quatro detenções relacionadas com a OPA do Benfica à SAD, travada pela CMVM, tal como adiantou a TVI.

Em comunicado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), sem revelar as identidades, atesta-se que «no decurso das diligências foram detidas quatro pessoas, dois empresários, um agente desportivo e um dirigente desportivo», em «detenções efetuadas atendendo aos indícios já recolhidos, com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e a prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso».

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, foi um dos detidos, na sequência das buscas desta quarta-feira. Foram também detidos o empresário José António dos Santos, conhecido como o «Rei dos Frangos», o maior acionista privado da SAD do Benfica, bem como o filho do presidente encarnado, Tiago, além do empresário de futebol Bruno Macedo.

O DCIAP refere, em nota oficial, que «no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal cuja investigação se encontra a cargo da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e conta com a estreita colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP), foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca, abrangendo instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária. Estas buscas decorrem nas áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga».

Diz ainda que «os detidos serão presentes, previsivelmente no decurso do dia de amanhã [quinta-feira], a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação, considerando a gravidade dos crimes e as exigências cautelares, de medidas coação diferentes do termo de identidade e residência».

«No processo investigam-se negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades. Em causa estão factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento», refere também o DCIAP.

Participaram nas investigações 66 inspetores tributários, sendo 25 da Direção de Finanças de Braga, oito da Direção de Finanças do Porto, 26 da Direção de Finanças de Lisboa e dois da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), para além de nove elementos do Núcleo de Informática Forense. Participaram ainda, segundo o DCIAP, quatro magistrados seus, três Juízes de Instrução Criminal e 74 polícias da PSP, nove dos quais a exercerem funções no DCIAP.