RACISMO É CRIME.

Assim mesmo, em letras capitais.

COM RACISMO NÃO TEM JOGO.

O Brasil-Senegal que se disputou nesta terça-feira em Alvalade foi um jogo de futebol entre duas nações, mas com apenas uma bandeira: a luta contra o racismo.

A mensagem foi omnipresente.

No lugar habitualmente ocupado pela publicidade em redor do relvado.

Nas credenciais dos jornalistas.

Na ficha de jogo.

Em todo o lado.

COM RACISMO NÃO TEM JOGO.

Mas o jogo foi mesmo o menos importante que aconteceu em Alvalade. O ritmo baixo das duas equipas, habitual nesta fase final da época não incomodou ninguém.

Porque o que aconteceu em Lisboa foi uma festa contra o racismo.

Milhares de brasileiros vestiram as camisolas amarelas do escrete. Outros tantos, escolheram as dos clubes.

Flamengo. Cruzeiro. Vasco da Gama. Portuguesa. Bahia. São Paulo. Corinthians. Internacional. Grémio.

Todos tiveram lugar na bancada de Alvalade. Todos quiseram participar na festa. E fizeram-no de sorriso no rosto.

Para muitos dos adeptos brasileiros foi uma oportunidade única para ver a seleção.

Sem Neymar, é certo. Mas com todas as restantes estrelas. Vinícius Jr., Richarlison, Paquetá, Bruno Guimarães, Marquinhos, Militão ou Ederson.

Todos ali a uns metros de distância. E com Sadio Mané do outro lado a liderar os atuais campeões africanos.

E até foi o carismático avançado do Bayern Munique o grande momento do jogo.

Mas já lá vamos. Porque antes, por entre a bonita festa pintada de amarelo, Paquetá foi quem inaugurou o marcador.

Aos 11 minutos, o médio surgiu entre os centrais a cabecear para golo uma bola teleguiada de Vinícius Jr. desde a esquerda.

E nem o golo do empate apontado por Diallo aos 22m parou a festa.

Nem, tão pouco, a reviravolta no marcador, já na segunda parte, com um lance infeliz de Marquinhos que enganou Ederson e marcou autogolo, aos 52m.

E, acredite se quiser: muitos foram os brasileiros que aplaudiram de pé a obra de arte de Sadio Mané, três minutos depois.

Mané recuperou uma segunda bola descaído para a esquerda perto da grande área e rematou em arco ao ângulo da baliza de Ederson, fazendo então o 3-2.

E se houve aplausos a esse golo, aconteceu uma explosão aos 58m, quando Marquinhos se redimiu do autogolo e reduziu a desvantagem brasileira na partida.

O golo podia nem valer de muito naquele momento. Num jogo que, desportivamente, não contava para nada, mas a alegria do povo foi indisfarçável. Como se tivesse sido o golo decisivo marcado no último minuto da final de um Campeonato do Mundo.

Porque para muitos dos que encheram as bancadas de Alvalade, aquele foi o jogo de uma vida. O jogo de quem deixou a pátria para procurar uma vida melhor.

Por isso, pouco importou também o bis de Sadio Mané, de penálti, já nos descontos.

Todos no estádio já tinham o dia ganho.