O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

EDUARDO ALMEIDA, TREINADOR DO KOZARMISLENY (HUNGRIA)

«Boa tarde a todos,

Após uma passagem pelo futebol asiático, estou de volta à Europa e desta vez para a Hungria. Penso que o percurso na Ásia foi muito positivo em termos desportivos porque cumpri com os objetivos propostos, num desafio difícil: consegui manter a equipa na Superliga quando tinha quatro pontos de desvantagem a quatro jogos do final da prova.

Para além disso, numa cultura completamente diferente e com pouca aposta na formação, consegui abrir uma academia que contava já com 250 alunos na data da minha saída. Em termos culturais também foi uma experiência muito rica, algo que é importante para as nossas relações interpessoais.

Quando surgiu a possibilidade de orientar o Kozarmisleny SE nem hesitei. Voltar a treinar na Europa deixa-me muito satisfeito. Não é um campeonato com muitos jogadores nem treinadores portugueses mas neste momento já conta com dois, pois também está o José Gomes no Videoton, assim como alguns jogadores do nosso país. É uma prova da nossa qualidade e espero contribuir para mantermos o bom nome que temos no futebol.

Ainda nesta segunda-feira o Cristiano Ronaldo provou o nosso valor, ganhando a Bola de Ouro. Aproveito esta ocasião para lhe dar os parabéns.

Aceitei então o desafio do Kozarmisleny. Infelizmente, a equipa está em último lugar da segunda divisão e temos muita tarefa muito difícil pela frente. Ainda assim, quando me convidaram não hesitei nem me assustei. Gosto de desafios e esse é mais um grande desafio que espero superar.

Tive duas conferências de imprensa desde que cheguei e curiosamente foram ambas em cafés. Pode parecer estranho mas para mim não é novidade, já que na Malásia também fui apresentado no bar do hotel. Não estranhei. A única diferença é que este café é no centro da cidade, bastante movimentado, logo o barulho não parava.


Embora possa ser um pouco estranho, mas este tipo de apresentação acaba por ser mais descontraída, existe maior ligação com os jornalistas. Nos jornais locais descreveram-me como sendo simpático, direto e sempre disposto a colaborar, portanto a reação foi positiva. Os jogadores também me receberam bem e tentar agora interiorizar rapidamente as minhas ideias. 

Os primeiros treinos têm sido com nevoeiro e já me disseram que isso é normal. Aliás, dizem-me que o pior ainda está para vir: a neve e as temperaturas negativas. Por sorte, já apanhei dois dias de sol, o que não é hábito nesta altura. 

Este é um clube pequeno mas com boas condições e muito bem organizado. Kozarmisleny é uma localidade bastante simpática e fica a cinco minutos de Pecks, a grande cidade. Não se notam grandes diferenças culturais.

Para já, a adaptação foi muito fácil mas tenho de esperar pelos possíveis 20 graus negativos de fevereiro ou março.

Como seria de esperar, nestes primeiros dias falaram-me muito de Ronaldo. Basta dizer que sou de Portugal e falam logo em Ronaldo. Infelizmente, também se falou muito de Eusébio, um grande nome que ficará na História, tal como Miki Féher, um nome muito acarinhado aqui na Hungria.

Até breve, um grande abraço,

Eduardo Almeida»