O Barça confirmou o favoritismo depois da vitória em Madrid e garantiu o apuramento para a final da Liga dos Campeões. Fê-lo com um empate carregado de polémica. Sem Mourinho, claro, que castigado preferiu ficar no hotel, mas com o estádio lotado e muita emoção. Um clássico é sempre um clássico.

No final o empate serviu para um Barcelona que já tinha ganho em Madrid por dois golos de diferença. A maratona de quatro clássicos espanhóis no espaço de um mês chegou ao fim com um empate técnico: uma vitória para cada e dois empates. Os catalães, porém, sorriram mais. Sorriram duas vezes.

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A história do sucesso do Barça, essa, tem de começar a ser contada a partir dos 46 minutos. Higuaín marca após excelente jogada de Ronaldo e o árbitro anula o golo por suposta falta do português. Muito mal de Bleeckere. Ronaldo é que sofre falta, a queda é posterior e não há falta sobre Mascherano.

Aquela decisão, naquele instante, quando o Real Madrid tinha regressado do balneário com o espírito renascido, pode ter feito toda a diferença. A formação de José Mourinho ficava a um golo de igualar a eliminatória e lançava nervosismo sobre o adversário. A história podia realmente ser outra.

Até porque o Real Madrid fez um segundo tempo superior. Mais forte na pressão, não deixando o Barça trocar a bola com tanta liberdade, a equipa cresceu no jogo e conseguiu mesmo empatar. Di Maria entrou bem na área adversária, atirou ao poste e na segunda oportunidade serviu Marcelo para o golo.

O golo foi um bom ânimo e trouxe com ele um suplemento vitamínico. Nessa altura faltou qualidade ao futebol do Real. A equipa até conseguia recuperar bolas e travar o Barça mais à frente, mas depois não tinha soluções para sair rápido para o ataque. Só por três ou quatro vezes saiu com critério.

As poucas vezes que o conseguiu fazer, sobressaiu o talento de Xabi Alonso: o golo, por exemplo, começa nele. Diarra esteve bem a defender, mas na altura de distribuir o jogo, só mesmo Xabi Alonso conseguia ultrapassar a pressão muito forte do Barça (como sempre faz) de cada vez que perdia a bola.

De resto, a segunda parte foi muito suada e pouco inspirada. O Barcelona marcou o golo numa jogada de marca registada (Iniesta lançou Pedro, que atirou colocado na cara de Casillas), mas depois disso só voltou a finalizar num cabeceamento de Messi sem perigo. Teve a bola, mas faltou-lhe acutilância.

Antes disso, na primeira parte, aí sim já tinha justificado a vitória. A formação de Guardiola teve, como sempre, muita bola e conseguiu ameaçar o golo numa mão-cheia de ocasiões. Valeu ao Real Madrid o suspeito do costume: Iker Casillas. Defendeu tudo o que tinha para defender.

Vale a pena enumerá-las: um cabeceamento de Busquets, dois remates de Messi, um tiro em arco de Villa e outro remate de Messi. As cinco ocasiões foram o reflexo da superioridade do Barça. Teve 69 por cento de posse de bola e fez 410 passes certos. O Real fez 117 (só Xavi fez 85, quase igual).

No final ficou óbvio que o resultado da primeira-mão, em Madrid, condicionou este jogo e decidiu a eliminatória. Isso e um erro do árbitro. Destaque também para o regresso de Abidal. O francês entrou aos 89 minutos e saiu em ombros. Quem recupera de um cancro merece festejar a maior vitória de todas.