Um Arsenal de outra dimensão competitiva deu ao Sp. Braga um amargo correctivo em jeito de baptismo na Liga dos Campeões (6-0). No Emirates, a equipa de Domingos Paciência foi vergada pelo talento de Fabregas e por uma entrada em jogo arrasadora dos homens de Wenger, sofrendo a goleada mais pesada de todos os jogos desta primeira jornada.

Os seis golos sem resposta igualam o pior resultado europeu de sempre dos minhotos, e remetem para um passado distante: nos anos 80, noutra viagem a Londres, a equipa tinha sido goleada pelo Tottenham, por idêntica margem. Mas era, então, um Sp. Braga longe dos sonhos de glória da actual equipa.

É verdade que os antecedentes faziam recear o pior: o F.C. Porto, com outra rodagem europeia, tinha sofrido 11 golos nas últimas três visitas àquele estádio, sem marcar qualquer um. E, mesmo se a vitória épica em Sevilha escancarava o sonho, não deixava de manter bem presentes a diferença de dimensão entre as duas equipas.

A ilusão não durou mais de dez minutos: o tempo para o Arsenal encostar os minhotos às cordas, com Fabregas a assumir o papel de chefe de orquestra sobredotado. Foi o médio catalão a abrir o marcador, na conversão de um penalty cometido por Felipe sobre Chamakh. E, antes, Alain Hamer já fizera vista grossa a outro castigo máximo.

O golo madrugador, e a diferença de andamentos fazia recear uma reedição da goleada sofrida há um ano, pelo F.C. Porto. Foi o que aconteceu, apesar de uma reacção interessante do Sp. Braga, até aos 25 minutos, ter permitido equilibrar a posse de bola. Mas sempre que o Arsenal engrenava em velocidade, Fabregas encontrava espaços para destruir a estrutura defensiva dos minhotos, sempre demasiado passiva frente ao autêntico comboio que lhe ia passando à frente.

Dois golos de rajada, de Arshavin e Chamakh, confirmavam que o jogo caminhava para um desfecho habitual aos portugueses que visitam o Emirates. E nem o intervalo permitiu estancar a hemorragia.

A única nota positiva para o Sp. Braga, o regresso de Mossoró à competição, após longuíssima paragem, quase passou despercebida face ao recital de Fabregas, que bisou de cabeça e permitiu ao suplente Carlos Vela fechar a contagem, com mais uma assistência de predestinado. Antes, tinha sido Arshavin a colocar o mexicano na cara do golo.

Uma questão de números, afinal pouco relevante: para todos os efeitos, o Arsenal não é destas contas. Num grupo com Shakhtar e Partizan, a verdadeira Liga dos Campeões, para o Sp. Braga, começa dentro de duas semanas, com a visita dos ucranianos.