João Cancelo e João Félix: a dupla portuguesa do Barcelona virou o jogo contra o FC Porto e carimbou o apuramento dos catalães para os oitavos de final da Liga dos Campeões (2-1).

Dois golos lusos deixaram os espanhóis em euforia no Estádio Lluís Companys e apagaram a chama de um dragão que foi, sobretudo na primeira parte, bom na atitude e competente a contrariar o jogo do Barcelona. A vantagem do FC Porto dada pelo golo de Pepê (30m) nem deu para gerir porque João Cancelo, o melhor em campo, respondeu logo a seguir (32m) e João Félix, numa jogada 100 por cento portuguesa, materializou em golo a entrada feroz dos catalães na segunda parte (57m).

O apuramento do FC Porto, já impossível à partida para jogo após a vitória do Shakhtar frente ao Antuérpia, fica adiado para a decisão ante os ucranianos no Dragão (13 de dezembro). Com nove pontos cada um, partem na frente os dragões, pela vantagem no confronto direto. Basta o empate.

Em Barcelona, com Pepe e Zaidu de volta ao onze do FC Porto, o Barcelona procurou surpreender na construção com uma saída a três, ora por Iñigo Martínez, Koundé e Ronald Araújo, ora com Frenkie de Jong a descer para junto dos centrais. Esta intenção ficou vincada desde cedo, combinada com a largura e profundidade dadas por João Cancelo em todo o corredor esquerdo: o lateral português do Barcelona jogou e fez jogar, brilhou e deu mesmo muito que fazer a João Mário. Desequilibrou.

Só que o FC Porto também mostrou que ia a Barcelona para tentar os três pontos e, a partir dos 15 minutos, soltou-se e condicionou bem a saída de bola da equipa de Xavi. Aos poucos, foi tirando conforto ao Barcelona – que lá à frente sublinhava perigo por Cancelo, Félix ou Raphinha – e foi chegando à frente. Aos 27 minutos, marcou mesmo, mas Taremi estava em posição irregular.

À finalização do iraniano seguiu-se um disparo de Galeno para a primeira defesa difícil de Iñaki Peña (que rendeu o ausente Ter Stegen) mas à terceira foi de vez. À terceira ocasião seguida e à terceira tentativa no mesmo lance: numa boa jogada coletiva iniciada num passe longo de Zaidu para Galeno, o extremo fugiu a Iñigo Martínez da esquerda para o meio e Pepê acabou a finalizar um lance em que Taremi e Galeno viram os primeiros remates esbarrarem em Martínez e Peña.

O golo surgiu, sem dúvida, na melhor fase do FC Porto na primeira parte, mas o Barcelona nem deixou tempo para a festa: logo a seguir, João Cancelo recebeu com algum espaço, superou João Mário e atirou forte e colocado para o 1-1.

Até ao intervalo, o Barcelona quase virou o jogo por Raphinha (42m) – após um passe arriscadíssimo de Diogo Costa, que ofereceu a bola a Pedri – e o FC Porto, com alguns lances bem construídos e Taremi a descer várias vezes para dar apoio, também podia ter festejado de novo, não fosse Iñaki Peña negar o golo a Alan Varela (43m).

Na segunda parte, mudou quase tudo e o Barcelona tirou o equilíbrio do jogo em seu favor e tirou também muito do que o FC Porto fez de bom, sobretudo dos 15 minutos até perto do intervalo: o remate de João Félix ao ferro, 11 segundos após o reatamento, foi o sinal claro do que aí vinha.

O FC Porto deixou de conseguir pressionar com tanto afinco, o Barcelona cresceu com bola, ganhou na atitude, deu mais velocidade ao jogo e chegou ao 2-1 numa belíssima combinação lusa, com João Cancelo a servir para João Félix dar uma vantagem que não mais fugiu ao Barcelona.

A equipa de Conceição raramente conseguiu encontrar a solução para anular as investidas de João Cancelo, que até podia ter bisado e mereceu um «obrigado» de Félix quando este foi substituído (75m). Mais do que isso, com o tempo, o FC Porto perdeu a clarividência para decidir melhor e tentar chegar ao 2-2. Quis fazer rápido e bem, mas muitas vezes só fez rápido.

E se o FC Porto, sem o fulgor da primeira parte, se pôs a jeito de sofrer o 3-1 – Raphinha ficou perto do golo da noite num remate acrobático defendido por Diogo Costa perto do fim – também ficou a dever a si uma noite mais feliz. Exemplo claro disso foi o lance inacreditável desperdiçado por Pepê em dose dupla aos 80 minutos.

Por fim, saiu o Barcelona por cima e por culpa dos seus portugueses, condenando o FC Porto a decidir a sua vida na última jornada, numa noite que teve muito de Cancelo, mas também de Félix: os catalães já têm bilhete para os oitavos, só com o primeiro lugar por carimbar.

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