Aí está ela de volta, dois meses depois. Duas equipas e três treinadores portugueses ainda na corrida para Cardiff, numa Liga dos Campeões que entra a partir de agora na fase a doer. Daqui até 15 de março, ao ritmo conta-gotas de dois duelos por dia, serão 16 jogos para decidir as oito equipas que passam aos quartos de final. Começa na Luz com o Benfica-Borussia Dortmund e em Paris com o PSG-Barcelona, segue na quarta-feira com o Bayern Munique-Arsenal e o Real Madrid-Nápoles. Na terça-feira seguinte será a vez do Mónaco de Leonardo Jardim, em casa do Manchester City, e do Bayer Leverkusen-At. Madrid. O FC Porto só entra em campo na quarta-feira, 22 de fevereiro, frente à Juventus, no mesmo dia joga-se o Sevilha-Leicester e fica completa a primeira mão.

História em português

Há grandes jogos nestes oitavos, mas uma curiosidade especial para as duas equipas portuguesas em prova. O Benfica-Dortmund e o FC Porto-Juventus são os únicos duelos da ronda entre duas equipas que já foram campeãs europeias. Na história dos dragões há aliás a memória da primeira final europeia de sempre frente à Juventus, a Taça das Taças perdida em 1984. Benfica e Borussia Dortmund recordam não uma final, mas a primeira eliminatória da Taça dos Campeões de 1963/64, quando os alemães levaram a melhor com uma goleada que recordaram com Eusébio em 2013, numa das últimas aparições públicas do Pantera Negra.

Esta é apenas a segunda vez que há duas equipas portuguesas nos oitavos da Champions, depois de FC Porto e Sporting em 2008/09 (em 2001/02 qualificaram-se FC Porto e Boavista, mas para uma segunda fase de grupos). Os dragões têm bem mais experiência nesta fase que as águias: oito presenças no atual formato com oitavos de final, que teve início em 2003, contra três do Benfica. O saldo de qualificações é igual, os «encarnados» qualificaram-se sempre que chegaram aqui, os dragões apuraram-se também por três vezes.

Ainda falando de portugueses, referência obrigatória para o Mónaco de Leonardo Jardim, Bernardo Silva e João Moutinho, a fazer uma época notável, que defrontará o Manchester City. Mas isso é só para a semana. Para já, o que nos espera nesta terça e quarta-feira, para lá do Benfica-Dortmund. 

Reencontros numa Champions cada vez mais exclusiva

Numa competição cada vez mais exclusiva, uma tendência que se acentua obviamente nesta fase, há apenas seis países representados nos oitavos, sendo que Portugal é o único fora das cinco grandes Ligas a entrar. E em igualdade no número de clubes com Itália ou França. A Espanha é quem tem mais, quatro clubes, seguida de Inglaterra e Alemanha, ambas com três.

O afunilamento crescente da competição também leva a repetições. Muitas. Mais uma vez, são vários os duelos desta fase que replicam confrontos das últimas épocas. Como o PSG-Barcelona, já nesta terça-feira: só nas últimas cinco temporadas, as duas equipas já se defrontaram seis vezes. Quatro delas na época 2014/15, primeiro na fase de grupos e depois nos quartos de final. Levou a melhor o Barcelona, tal como já tinha ganho na mesma fase em 2012/13.

O Barcelona é responsável em boa parte pela maldição do PSG nos «quartos». Os parisienses têm uma presença na meia-final, em 1994/95, mas desde que assumiram a ambição de estar entre os grandes da Europa à custa dos milhões árabes, nunca passaram essa fase: foi aí que cairam nas últimas quatro temporadas. Em contrapartida, passaram sempre os oitavos de final nesse período.

Falando de repetições ainda há, claro, o Bayern Munique-Arsenal. Nada menos que dez duelos  desde 2000/01. Clara vantagem paraos alemães, que eliminaram a equipa de Arséne Wenger nos oitavos em duas épocas consecutivas, 2013 e 2014. O Arsenal também tem um duro enguiço para quebrar: apesar de ser, a par do Real Madrid, a equipa com mais presenças nos oitavos desde que eles existem, já não passa esta fase desde 2010. Seis épocas seguidas sem passar de março na Champions.

O outro duelo desta primeira semana tem menos antecedentes, mas o único confronto anterior entre Real Madrid e Nápoles tem história para dar e vender. Primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus de 1987, o Nápoles de Diego Maradona a visitar na primeira mão um Bernabéu num silêncio sepulcral. Jogou-se à porta fechada, castigo da UEFA ao Real por causa de incidentes com os adeptos radicais do clube «merengue» na ronda anterior. O Real venceu por 2-0, na segunda mão foi empatar ao San Paolo a um golo e seguiu em frente.

O que eles mudaram

Para lá da história, o momento. Passaram dois meses desde a fase de grupos e muita coisa mudou. Pelo meio uma janela de mercado. A maioria dos clubes não mexeram muito, exceção ao Paris Saint Germain, que se reforçou claramente, nomeadamente com Julian Draxler e o português Gonçalo Guedes, contratado ao Benfica.

Os parisienses têm vindo a melhorar as exibições e os resultados, embora continuem a ver o líder Mónaco a três pontos de distância no campeonato. No que diz respeito a mercado, a outra grande contratação foi a de Gabriel Jesus pelo Manchester City. O brasileiro, que já estava assegurado desde o verão mas só chegou agora, causou impacto imediato. Mas Jesus, precisamente, está em dúvida para o confronto desta terça-feira, mais um problema para Pep Guardiola e para o City, que está longe de chegar a esta altura e ao confronto com o Mónaco muito estável.

Entre os grandes candidatos, aquele que chega talvez numa onda mais positiva é o Barcelona. Desde dezembro os catalães ganharam 11 de 15 jogos, garantindo pelo meio a presença na final da Taça do Rei, e encurtaram a desvantagem para o Real Madrid: um ponto nesta altura, embora a classificação seja falaciosa, porque os «merengues» têm dois pontos de atraso.

Um jogo de forças semelhante ao que se assiste na Liga portuguesa, onde o momento de Benfica e FC Porto é agora bem diferente em relação a dezembro, depois de os dragões terem aproveitado deslizes do líder para se colocarem a um ponto de distância.

Outra das equipas em claro momento de confiança entre as que vão entrar em campo nesta semana é o Nápoles. A equipa de Maurizio Sarri não perde há 18 jogos, embora seja apenas quarta na Serie A, e tem encontrado mais soluções no ataque, a começar por Dries Mertens, que marcou 13 golos desde dezembro.

No plano oposto o Dortmund, para começar, que apenas venceu dois de oito jogos desde que a Liga dos Campeões parou em dezembro. A equipa de Thomas Tuchel chega à Luz depois de ter perdido com o último da Bundesliga no fim de semana.

E aquele duelo à parte

Falar de Liga dos Campeões é de resto falar de grandes jogadores. E, entre todos, Cristiano Ronaldo e Messi. Regressa também o duelo de extra-terrestres, ambos em campo já nesta primeira semana. Eles perseguem esta época o número redondo de 100 golos e a fase de grupos aproximou Messi.

CR marcou apenas dois nos seis primeiros jogos, o argentino apontou 10. E assim as contas estão agora em 98 golos para Ronaldo e 96 para Messi, se contarmos todos os golos europeus. Se olharmos apenas para a Liga dos Campeões são 95-93, também a favor do português. Cristiano Ronaldo costuma aparecer nestas alturas: ele marcou sempre nos oitavos de final nas últimas cinco temporadas. Mas vai ter que melhorar a média nesta segunda fase da prova para atingir os 100 antes de Messi.

O programa completo dos oitavos de final

Primeira mão

Terça-feira, 14 fevereiro

Benfica-Borussia Dortmund, 19h45

PSG-Barcelona, 19h45

Quarta-feira, 15 fevereiro

Bayern Munique-Arsenal, 19h45

Real Madrid-Nápoles, 19h45

Terça-feira, 21 fevereiro

Bayer Leverkusen-Atlético Madrid, 19h45

Manchester City-Mónaco, 19h45

Quarta-feira, 22 fevereiro

FC Porto-Juventus, 19h45

Sevilha-Leicester, 19h45

Segunda mão

Terça-feira, 7 março

Arsenal-Bayern Munique, 19h45

Nápoles-Real Madrid, 19h45

Quarta-feira, 8 março

Borussia Dortmund-Benfica, 19h45

Barcelona-PSG, 19h45

Terça-feira, 14 março

Juventus-FC Porto, 19h45

Leicester-Sevilha, 19h45

 Quarta-feira, 15 março

Atlético Madrid-Bayer Leverkusen, 19h45

Mónaco-Manchester City, 19h45

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