O ciclista belga Remco Evenepoel chegou, viu e venceu, conquistando com autoridade a segunda edição da Clássica da Figueira, no primeiro dia de competição em 2024, graças a um ataque solitário a mais de 50 quilómetros da meta.

Embora tenha dito, na sexta-feira, que a clássica portuguesa seria um «aquecimento» para a Volta ao Algarve, este sábado a atitude da estrela belga evidenciou que as suas palavras foram bluff.

Na segunda passagem na subida de primeira categoria do Parque Florestal, acelerou para se isolar e não mais parou até cortar a meta, com 1.28 minutos de vantagem sobre um pequeno grupo perseguidor, encabeçado pelo compatriota Vito Braet (Intermarché-Wanty) e pelo italiano Simone Velasco (Astana), respetivamente segundo e terceiro classificados.

«Não podia ter sido mais cedo», brincou Evenepoel, referindo-se ao facto de ter vencido logo na estreia na nova época, no final dos 192 quilómetros, com início e final nas imediações da Torre do Relógio, na Figueira da Foz, que completou em 4:42.25 horas.

Figura maior da Clássica da Figueira, o campeão belga confirmou o favoritismo de forma autoritária e deixou um sério aviso aos demais pretendentes ao triunfo final na Volta ao Algarve que vai decorrer de 14 a 18 de fevereiro.

Por precaução, a organização encurtou em trinta quilómetros o percurso, anulando uma das quatro voltas ao deslumbrante circuito final, mas as condições meteorológicas adversas esperadas para este sábado resumiram-se a aguaceiros esporádicos, além do vento forte, com os 155 ciclistas a iniciarem os 192 quilómetros sob um simpático sol de inverno.

Cientes do impacto da prova, este ano promovida à categoria UCI ProSeries, a segunda mais importante do calendário internacional, as equipas nacionais lançaram imediatamente para a frente da corrida os seus representantes, com uma fuga de sete homens a formar-se logo aos oito quilómetros.

Os fugitivos, cinco portugueses e dois espanhóis, chegaram a ter mais de cinco minutos de vantagem, mas Soudal Quick-Step, a vencedora da primeira edição, assumiu a perseguição à fuga, prejudicada por um incidente de corrida: à reentrada na Figueira da Foz, os escapados pararam numa passagem de nível e viram a diferença reduzir-se para pouco mais de um minuto.

Assim, a iniciativa ficou irremediavelmente condenada e acabou ao quilómetro 111, na primeira de três escaladas ao Parque Florestal. Com mais de 80 quilómetros para percorrer, ninguém ousou distanciar-se, tal era o poderio exibido pela formação de Evenepoel, que, na segunda passagem nessa subida, atacou, sem que ninguém conseguisse responder.

Faltavam mais de 50 quilómetros para o final quando o prodígio belga se isolou, protagonizando um verdadeiro «crono» individual à frente do pelotão, de onde saiu o jovem mexicano Isaac del Toro (UAE Emirates), para tentar chegar ao homem da frente, sem sucesso.

Sem que a organização da clássica portuguesa disponibilizasse quilometragem ou diferença de tempos na emissão televisiva, foi-se percebendo, no entanto, que dificilmente o vencedor da Vuelta2022 e atual campeão mundial de contrarrelógio seria alcançado.

Era o primeiro dia de competição para o belga de 24 anos nesta nova época, mas o seu nível é tão mais elevado do que os restantes que nem o facto de não correr desde 15 de outubro se notou na estrada.

O ciclista da Soudal Quick-Step tinha anunciado na véspera que queria sair de Portugal com uma vitória e que, quanto mais cedo vencesse, melhor, e hoje não deu hipóteses a ninguém, entrando na última volta ao circuito com um minuto de vantagem sobre Del Toro e 1.25 sobre o grupo perseguidor.

O mexicano acabaria por ser absorvido, enquanto Evenepoel continuava a sua caminhada para a glória e para o 51.º triunfo da precoce carreira.

Restava a luta pelo top 3 e quer o jovem António Morgado (UAE Emirates), impressionante na última subida ao Parque Florestal, quer Ruben Guerreiro (Movistar) tentaram a sua sorte – o mais experiente dos portugueses acabaria por ser o melhor ciclista nacional, na nona posição, a 1.48 minutos do vencedor.