O rendimento líquido anual médio por agregado familiar era de 22.136 euros em 2005/06, o que corresponde a um rendimento líquido médio mensal de cerca de 1.845 euros revelam os resultados obtidos no Inquérito às Despesas das Famílias, do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Apesar dos rendimentos monetários constituírem a parcela principal do rendimento familiar (81%), continua a ser significativa a importância relativa dos rendimentos não monetários (19%). O peso relativo dos rendimentos não monetários é fortemente induzido pela auto-locação: as rendas imputadas representaram cerca de 73% dos rendimentos não monetários e 14% do rendimento total dos agregados portugueses.

Uma análise da composição dos rendimentos permite verificar que os rendimentos provenientes do Trabalho por conta de outrem constituíam a maior parcela dos rendimentos familiares, representando 49% do rendimento total e 60% do rendimento monetário. Considerando o conjunto dos rendimentos de trabalho por conta de outrem e própria, a sua importância relativa sobe, respectivamente, para 58% e 71%. Os rendimentos originados em Pensões surgem em segundo lugar na estrutura do rendimento familiar, com cerca de 18%.

Os rendimentos de Propriedade e Capital assumiram no Inquérito às Despesas das Famílias um peso relativamente pequeno, representando 2% do rendimento total. Igualmente reduzida é a importância das outras transferências sociais na estrutura dos rendimentos familiares com um peso de cerca de 3%.

Rendimento médio na região de Lisboa era 24% superior à média nacional

O confronto entre o rendimento líquido dos agregados familiares das várias regiões permite constatar a existência de uma significativa assimetria regional com a região com maior nível de rendimento (Lisboa) a apresentar valores médios cerca de 50% superiores aos da região com menor nível médio de rendimento (Alentejo).

Apenas a região de Lisboa e a Região Autónoma dos Açores apresentaram rendimentos líquidos totais superiores ao valor médio nacional. Porém, o rendimento líquido médio mensal dos agregados que residiam na região de Lisboa era de 2.289 euros, valor que é 24% superior à média nacional, enquanto que na Região Autónoma dos Açores este diferencial era somente de 6%.

Rendimento médio nas áreas rurais é 40% inferior ao das áreas urbanas

O grau de urbanização do local de residência das famílias constituía igualmente um importante factor de diferenciação dos rendimentos médios das famílias. Assim, enquanto o rendimento líquido médio anual dos agregados residentes em áreas predominantemente urbanas ascendia a 24.382 euros, nas áreas predominantemente rurais esse mesmo rendimento era de 14.585 euros.

Também na estrutura dos rendimentos familiares é possível detectar diferenças significativas. Nas áreas predominantemente rurais a importância relativa das pensões sobe para 27% do rendimento total (35% do rendimento monetário), enquanto que os rendimentos do Trabalho por conta de outrem recuam para 35% do rendimento total (46% do rendimento monetário). Estas alterações na estrutura dos rendimentos familiares não são certamente alheias a um maior envelhecimento da população residente nas áreas rurais.

Maior precariedade dos rendimentos nas famílias numerosas e com crianças

A análise dos rendimentos per capita de acordo com a tipologia dos agregados permite identificar que são as famílias mais numerosas, e em particular as com crianças, aquelas que apresentaram menor nível de rendimento per capita e, consequentemente, uma maior precariedade económica.

O rendimento médio por indivíduo dos agregados familiares com crianças ou jovens dependentes representava 83% do rendimento disponível per capita do conjunto da população (8.790 euros).