No dia em que Portugal regista quase o dobro de recuperados da covid-19 do que na véspera - 140 - , a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que mesmo depois de o doente deixar de ter sintomas, durante algum tempo pode estar a transmitir o vírus.

«Há dois conceitos muito importantes: a recuperação clínica, alguém doente que deixa de ter sintomas; e alguém que recupera, mas que durante um período mais longo pode vir a transmitir o vírus», apontou a responsável na conferência de imprensa diária.

O secretário de Estado da Saúde, António Sales, também falou aos jornalistas e deu conta de que Portugal realizou 110 mil testes de diagnóstico à covid-19 desde 1 de março.

«Nesta fase decisiva coletiva na luta contra o vírus importa salientar que Portugal continua a aumentar o número de testes efetuados», disse António Sales, frisando que a capacidade instalada para o diagnóstico é de 11 mil testes por dia, sendo sete mil no setor público e quatro mil no privado.

Segundo António Sales, do total de testes 54% foram realizadas nos laboratórios públicos e 46% nos privados.

«Importante ainda dizer que Portugal tem uma testagem de cerca de 10.500 amostras processadas por milhão de habitantes o que está em linha e, em alguns casos, acima de países como a Suécia e Dinamarca e não muito longe da Itália», vincou.

O governante foi ainda confrontado com as declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos, que disse que os cuidados intensivos estão nos limites das suas capacidades.

«Claro que estamos preocupados. Sublinho a questão dos 144 ventiladores que chegam hoje e os mais 500 que chegam esta semana, mais 500 pós-Páscoa. Aquilo que é hoje a capacidade, pode variar amanhã, para pior, ou para melhor. Estamos sempre atentos e acreditamos que com o que vamos adquirir e disitribuir esta semana , teremos capacidade para fazer face a uma situação menos boa. Estamos a fazer todos os esforços», afirmou António Sales.

Mas, apesar deste pressão sobre o sistema de saúde, a DGS salientou que os portugueses devem continuar a procurar assistência médica se precisarem. «Não se deixem amedrontar pela Covid e continuem a procurar assistência médica, seja para doenças crónicas, seja para situações agudas.»

O secretário de Estado apontou ainda que, a partir de agora, qualquer pessoa pode voluntariar-se para ajudar nos lares e instituições que trabalham com idosos, graças à iniciativa do Governo «Cuida de Todos», coordenada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. «Todos temos a obrigação de cuidar de todos e a melhor forma é manter a contenção social.»