O ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu a necessidade de «mobilizar a opinião pública para a mudança», depois da crise mundial causada pela implosão das «verdadeiras armas de destruição maciça» da chamada inovação financeira.

Sampaio apontou como uma das «grandes prioridades» da política actual trabalhar para uma «nova governação mundial» nas questões económicas e financeiras, disse durante uma palestra, em Lisboa, no âmbito da Conferência anual do Courrier Internacional intitulada «Da Tragédia dos Comuns à Aliança das Civilizações».

Para tal, alertou, «é necessário mobilizar a opinião pública para a mudança e incentivar os líderes para se avançar na reforma das instituições internacionais. Sem mudança efectiva, será muito difícil a recuperação da confiança dos cidadãos, atrasando ainda mais a estabilização das economias».

Contra a impotência e a falta de alternativas «neste conturbado» princípio de ano, Sampaio defendeu uma «mudança de paradigma» na forma de pensar os bens comuns globais, designadamente a estabilidade financeira.

«Parece-me hoje óbvio, para todos, que a estabilidade financeira é um bem comum global. Como parece, indesmentível, também que o dinheiro, isto é, o sistema financeiro, não se regula, tem de ser regulado», defendeu.

Sem querer ser alarmista, Sampaio reconheceu que o mundo vive hoje uma crise de grande amplitude, lembrando que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê um aumento mundial de 50 milhões de desempregados em 2009.

Jorge Sampaio atribuiu ainda um papel «importante» na liderança da mudança do sistema internacional à nova administração norte-americana: «O Presidente Obama defenderá melhor os interesses de médio e longo prazo dos Estados Unidos, se liderar a mudança no sistema financeiro internacional», rematou.