Nem sempre é fácil aplicar a estatística ao futebol. Mas há casos em que os números não mentem.

Passaram dez anos desde que Sir Alex Ferguson se retirou.  Desde julho de 2023, o Manchester United teve oito treinadores, dos quais três interinos. De David Moyes a Erik tem Hag, passando por José Mourinho – o que teve mais sucesso, nessa década, claramente.

É verdade que Ferguson demorou a ganhar, quando chegou ao clube, tendo de reconstruir, reorganizar, reformar, disciplinar. Mas foi 13 vezes campeão de Inglaterra e ganhou duas Ligas dos Campeões, fora o resto, que não foi pouco.

A internet tem recordado, por estes dias, as palavras de José Mourinho durante os seus dias mais difíceis em Manchester. Desde o segundo lugar na Premier League ter sido «um dos maiores feitos» na sua carreira até à questão do «legado futebolístico», naquele célebre monólogo de 12 minutos.

Mourinho não saiu bem de Old Traford, mas, na verdade, os sucessores acabaram por lhe dar razão.

Os sorrisos de Solskjaer não eram suficientes para ganhar; a filosofia de Rangnick não se entendeu; a disciplina de ten Hag faz ricochete e não dá resultados.

De novo, os números não mentem: o Manchester United tem, esta época, mais derrotas do que vitórias! Em 24 jogos ganhou 11, perdeu 12 e empatou um.

Marcou 33 golos e sofreu 39, numa campanha esquizofrénica que tanto o coloca a dois pontos do campeão e vizinho City, como o faz passar um vexame em casa com o Bournemouth.

Último classificado no seu grupo na Liga dos Campeões, com 15 golos sofridos – pior desempenho de uma equipa inglesa.

Custa até ver Bruno Fernandes tentar liderar em campo um grupo à deriva – e ser culpabilizado, não poucas vezes, por essa deriva.

Em Inglaterra já surgem, todos os dias, nomes de possíveis sucessores para Erik ten Hag. De Lopetegui a Potter.

O problema, contudo, parece ir para lá do treinador. Como dizia Mourinho.

O Manchester United é uma das maiores máquinas de fazer dinheiro no mundo do futebol. Não tem falta de recursos, mesmo no atual cenário dos clubes ‘novos-ricos’ financiados por fundos estatais movidos a petróleo.

Falta de organização, talvez. De capacidade para tomar boas decisões, garantidamente.

A verdade é que, seja quem for o treinador, será mais um candidato a ter pesadelos no outrora famoso ‘Teatro dos Sonhos’.