DESTINO: 80's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's.

CHIQUINHO CONDE: Belenenses (1987 a 1991 e 1995/96), Sp. Braga (1991/92), V. Setúbal (1992 a 1994; 1996 a 2000); Sporting (1994 a 1995), Alverca (2000/01), entre outros


É impossível falar de Chiquinho Conde sem perder tempo a desmontar os anos no Vitória de Setúbal. O avançado tornou-se um símbolo do clube, por onde passou em três períodos distintos. Sempre com golos e com festa.

Jogou, inclusive, na II Liga pelos sadinos, na sua única experiência no segundo escalão português em 1992/93. Foi o seu primeiro ano no Sado, após uma experiência em Braga, a única no norte do país, que não correu como queria.

Apaixonou-se por Setúbal, deu o salto para o Sporting. Voltou a Setúbal, aventurou-se nos EUA por poucos meses e regressou novamente. Pelo meio, muitos golos. Uma época em especial: 1993/94.

«Foi o ano que me permitiu dar o salto para o Sporting. Fiz 15 golos e uma dupla fantástica com o Yekini», recorda.

Para Chiquinho Conde, o malogrado avançado nigeriano, falecido em 2012, foi o melhor parceiro de ataque de toda a carreira. «Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim», recorda.

Nesse ano em que Chiquinho festejou 15 vezes, Yekini chegou aos 21 e foi mesmo o melhor marcador do campeonato. Números que impressionam para um clube como o V. Setúbal.

«Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom», resume.


Chiquinho Conde (primeiro à direita) apresentado no Bonfim

Da experiência nos EUA ao curso de Direito


A nível de treinadores, Chiquinho Conde recorda Carlos Queiroz. «Era fantástico, conhecedor, pedagogo. Como todos, tem as suas coisas boas e más e depende dos resultados, o que lhe faltou no Sporting»
, assume.

Já quanto a clubes, recorda a passagem pelos EUA como a mais exótica da carreira. Aconteceu em 1997. «Era uma fase embrionária da Major League Soccer e como havia uma legião grande de portugueses na zona de Boston quiseram levar para lá alguns jogadores de cá. Fizeram-me o convite, acharam que tinha o perfil ideal», relembra.

Esteve cinco meses no New England Revolution, mas, tal como no Sporting, as frequentes idas à seleção atrapalharam tudo. «Ficava difícil. Eram 8 horas de voo, pouco joguei lá», lamenta.

«Mandaram-me para o Tampa Bay mas também só fiquei dois meses. Naquela altura, no inverno os campeonatos paravam e era habitual emprestarem jogadores para os campeonatos europeus. Vim para o Setúbal outra vez e nunca mais voltei. Sentia-me melhor em Portugal do que nos EUA», assume.

Chiquinho Conde jogou futebol até aos 38 anos. Representou ainda o Alverca, Portimonense, Imortal e acabou a carreira no Montijo, a convite do seu antigo colega Fernando Mendes. «Cheguei a uma altura em que as pernas já não obedeciam», comenta.

Deixou, então, o futebol e começou um curso de Direito que nunca terminou. Por causa da paixão de sempre. «Pouco depois tirei o nível III de treinador e comecei a apostar mais nessa carreira. Fiz um estágio no Real Madrid, quando o Carlos Queiroz estava lá, depois do Manchester United, também com ajuda dele. Estive ainda no Marítimo, do professor Mariano Barreto», recorda.

O sonho continua a ser treinar o Vitória de Setúbal. «Não digo que é o grande objetivo da minha vida, mas como treinador não tenho dúvidas disso», assume.

Atualmente está no Maxaquene e lidera o campeonato local. «Não dão oportunidades em Portugal»
, lamenta.

Fica o desejo, embalado pelas memórias de grandes jogos. Que enumera sem pensar muito: « Os 5-2 ao Benfica, no Bonfim; um jogo em que estivemos a perder 3-0 com o FC Porto e empatámos 3-3. Nas Antas, quando fui o primeiro jogador depois do César Brito a marcar lá dois golos. Empatámos 2-2. O primeiro jogo na Taça UEFA pelo Belenenses, no Camp Nou…Enfim. São imensas memórias, felizmente.»

Os famosos 5-2 ao Benfica com «bis» de Yekini e golo de Chiquinho Conde: