22 anos de Maisfutebol.

Desde aquela segunda-feira, 5 de junho de 2000, por aqui passaram muitas caras, mas, sobretudo, muitas histórias. E agora, o que se pode esperar do futuro?

Nasci a dois anos do fim do século passado e por isso os primeiros esboços da minha memória futebolística remontam inevitavelmente ao Euro2004. As bandeiras à janela, os cruzamentos do Figo e o Ricardo sem luvas. Por essa altura, o jornal dava os seus primeiros passos.

O meu primeiro contacto com o Maisfutebol surge na altura da adolescência, por volta dos 13/14 anos, através do (saudoso) programa de televisão. Numa família praticamente desligada de futebol e numa época em que não havia a possibilidade de «puxar para trás na TV», tornava-se difícil acompanhar regularmente todos os programas, mas, mesmo falhando aqui ou acolá, a admiração mantinha-se.

O Maisfutebol no pequeno ecrã, ainda que com o devido enquadramento, refletia o jornal online. Um ambiente saudável, de partilha de opiniões, por e para as pessoas que têm uma paixão em comum. Desde cedo me identifiquei com esta postura e hoje, a partir de dentro, reforcei essa convicção.

O Luís Sobral, fundador e primeiro editor do Maisfutebol, disse que o jornal nasceu porque «prometeram deixar-nos fazer o que queríamos» e, hoje, «os seus jornalistas sentem que publicaram uma história que só ali podia ter sido publicada». Desta forma, resume-se cirurgicamente esta casa.

Futebol. Histórias. Pessoas. Escreveu o Nuno Madureira, com uma simplicidade arrebatadora, mas certeira.  Acrescento Liberdade e Criatividade.

O Maisfutebol confunde-se com liberdade. Não encontro outra palavra que o descreva com mais exatidão. Partilha, humanismo, abertura, por si só, não fazem jus ao todo. Este é um jornal que dá asas ao imaginário dos seus, repercutidas em cada peça lançada ou nas nossas engenhosas manchetes.

Mas é apenas um espaço de futebol? O ADN do jornal é explícito: queremos falar de bola. A chuteira preta e meia caída são incomparavelmente mais valiosas do que o mais caro dos fatos ou gravatas. Nos últimos anos, a liberdade criativa e de pensamento de que vos falei tem alargado o raio de ação do jornal, que todos os dias vai mais(além do)futebol. Andebol (há um espaço no site apenas para esta modalidade), hóquei em patins, futsal, basquetebol ou desportos motorizados. Há várias modalidades a conquistar terreno no nosso jornal, muito fruto da diversidade de gostos da redação, que espelha também os interesses do nosso público.

Em 22 anos, muita coisa mudou. O acesso à internet no início dos anos 2000 fazia-se através de um dial-up. Os mais distraídos da minha geração nem sequer farão ideia de que tipo de aparelho se trata. Ainda brincámos na rua, fizemos das pedras postes de baliza, mas o «boom» tecnológico nestas duas primeiras décadas do séc. XXI alteraram por completo o nosso papel de consumista.

O design do jornal foi reconfigurado, houve experiências na rádio, vários livros lançados e um cantinho na televisão que provou ser possível falar de bola de forma sadia. Depois, vieram as redes e houve sempre a responsabilidade de enquadrar o Maisfutebol nos novos contextos sociais, tal como se pode constatar com a nossa app ou a recente conta de TikTok que tem já mais de 340 mil seguidores.

Com um passado em constante mutação, o que nos reservam os próximos 22 – esperemos que sejam mais – anos?

A nova geração não está perdida. Menos desenrascada e mais dada à inércia por ter tudo à distância de um clique, talvez. Mas não consigo encarar o futuro e pensar que não vai ser risonho. Vai. Estes jovens são informados, curiosos e devem ajudar a melhorar o que até aqui foi tão bem feito, com o intuito de continuar a «pescar» as melhores estórias do mundo da bola.

Porque, apesar de o desporto estar mais «robotizado» do que nunca, será impossível retrair os sentimentos por detrás da capa exterior de cada atleta.

Herberto Helder escreveu em «Os Passos em Volta»: «Hoje, nada sei de quem me amou ou ama. Nada me reparte no tempo. Abro-me à unidade da vida – e amo o passado e o futuro com um só fervor: completo». É hora de refletir sobre tudo o que de bom se fez nestes 22 anos e procurar replicá-lo, limá-lo e melhorá-lo nessa nova unidade de vida que aqui começa: o futuro.

E este ano com um desafio inédito: um Mundial fora do verão. Vamos acompanhá-lo, claro está, tal como seguiremos todos os jogos da Liga ao minuto e encontraremos as histórias mais secretas desse mundo da bola que nos apaixona.

Venha connosco nesta viagem.