Lucho Gonzalez, Helton, mas também João Moutinho, Otamendi, Jackson e até Mangala. Vítor Pereira nomeia os atletas que considerava serem os líderes da equipa, sempre com El Comandante e o guarda-redes brasileiro na linha da frente. Tudo para ler nesta entrevista exclusiva ao Maisfutebol.

O Paulo Bento dizia há poucas que semanas que o João Moutinho é a sua extensão dentro do campo. E no Porto, quem era a sua voz no relvado?

«O Lucho é um jogador muito importante. Pela experiência, pelo equilíbrio que transmite à equipa nos momentos mais quentes, é essencial. O Helton também é outro atleta que passa aquilo que pretendo. Tem muitos títulos, é um vencedor. Depois havia o Moutinho, taticamente inteligentíssimo. A equipa tinha vários líderes em campo. O Otamendi é um atleta de personalidade muito forte, o Mangala é um jovem e já tem um caráter tremendo, ganhador. O Jackson, para mim, é extraordinário».

É possível transportar para a Arábia Saudita as ideias que defendeu para o seu F.C. Porto: posse de bola, circulação, pressão alta...?

«Quando os responsáveis do Al Ahli estiveram em Portugal, a conversar comigo, informei-me o mais possível sobre aquilo que será possível fazer. Acho que há qualidade técnica, juventude e experiência no plantel para fazer isso. As minhas ideias são fruto de anos de reflexão. Não vou mudar a metodologia que defendo. Esses são os princípios em que acredito: posse e pressing. No Porto de Vítor Pereira o ADN era claro. Sempre nos quisemos impor com bola, a querer dominar o adversário, a querer circular com paciência. E, depois, uma equipa muito agressiva no momento em que perdia a bola».

As equipas que sabem ter posse de bola andam sempre mais próximas do sucesso: é isso que defende?

«Acredito nisso. Há um estudo recente que demonstra um dado inequívoco: nos grandes campeonatos europeus, a segunda equipa com mais posse de bola foi o F.C. Porto, atrás do Barcelona. Ao mesmo tempo éramos uma equipa que poucas oportunidades de golo concedia ao adversário. Foi este o equilíbrio que sempre procurei. Em 2011/12 fomos a equipa com mais golos marcados e menos sofridos; em 2012/13 fomos a equipa com menos sofridos e o segundo melhor ataque. Os números não me deixam mentir».

Em 60 jogos no campeonato perdeu apenas um...

«O trabalho é sempre de um grupo, de um staff. E eu estive três anos nas equipas técnicas do F.C. Porto. Portanto, permita-me alargar esse número para 90 jogos e apenas uma derrota. Tenho de me orgulhar do que fizemos, claramente. Ainda por cima, juntámos três campeonatos nacionais a esses dados. E sem os títulos nada faria sentido. O F.C. Porto é tricampeão nacional. Como treinador principal perdemos só em Barcelos e recordo-me bem dessa derrota».

Nunca duvidou das ideias que defendeu para o seu F.C. Porto?

«Não, nunca. Mas já no meu primeiro ano, ainda com o André Villas-Boas, tentámos esse tipo de jogo, embora com jogadores de características diferentes. Se calhar mais talhados para fazer transições».