Estreou-se na I Liga há pouco mais de um mês e, desde então, tem estado em destaque na defesa do Boavista. Em sete jogos na principal competição do futebol português, Afonso Figueiredo, de 22 anos, formado no Sporting, e que já passou por Belenenses e Sp. Braga, mostrou que é um dos jovens valores do futebol português a ter em conta.
 
Em entrevista ao Maisfutebol, Afonso Figueiredo conta como foi este percurso desde as escolas dos leões até ao reduto das panteras.

Aos 5 anos, Afonso Figueiredo queria jogar futebol, mas os clubes não o aceitavam por ser demasiado novo. Encontrou então um desporto que pudesse praticar com essa idade: o râguebi. Durante cinco anos, trocou a bola redonda por uma oval com a camisola do Belenenses.
 
Aos 10 anos, sem lhe explicar muito bem o que se passava, o pai levou-o a um treino das captações do Sporting. Vestiu a camisola dos leões durante seis épocas, conquistando vários títulos, regionais e nacionais.
 

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Como foi o percurso de formação?
«A minha saída do Sporting foi dura. Não estava mesmo à espera. Nessa altura houve logo a possibilidade de ir para Braga, mas tinha 16 anos e a minha cabeça não estava bem preparada para sair logo de casa. Optei então por ficar perto e fui para o Belenenses».
 
Como foi essa passagem pelo Belenenses?
«Foi espetacular. Tive dois grandes treinadores, o Romeu e o Rui Jorge, que agora estão na seleção de sub-21. Aprendi muito com eles, gostei muito do trabalho que fizeram e, quando eles saíram no ano seguinte, achei que era a altura certa para sair também».

Os números de Afonso Figueiredo
 
Seguiu-se Braga. Foi difícil?
«Sim. Tinha 17 anos e fui sozinho. Foram três anos complicados. Deixei a casa, os amigos, a família, passei a viver sozinho. Eu sabia que  aquele esforço todo tinha de valer a pena. Fez-me crescer muito e hoje sou uma pessoa muito diferente. Sempre fui muito impulsivo, emotivo, e agora sou mais ponderado e tento planear mais as coisas».
«Tive apoio do clube, que me deu boas condições para estudar, para viver, e para trabalhar, o que fez com que as coisas se tornassem mais fáceis».
 
Qual foi o companheiro de equipa que mais o marcou?
«Sem dúvida o João Mário. Ele vivia no Porto, chegou com 10 anos a Lisboa, muito novo, e fomos sempre muito próximos. Marcou-me muito pela maneira de jogar, pela maturidade, mesmo quando ainda era muito novo, e isso nota-se em campo. Com a distância acabamos por não conseguir falar tanto, mas sempre que o reencontro sinto uma grande felicidade. Nunca joguei contra ele. Espero ter oportunidade de o fazer».


 
Pensa no que aconteceria se tivesse continuado no Sporting, como o João Mário, por exemplo?
«Nem sempre os caminhos mais curtos são mais fáceis. O meu caminho foi longo, mas, se repararmos, na minha geração, há poucos jogadores na I Liga. Não penso muito em «ses». O meu percurso fez de mim o que sou hoje».
 
Jogador polivalente

Já jogou a extremo, médio e defesa. Qual a posição de que gosta mais?
«Sinto-me muito bem a jogar a defesa, que é onde jogo atualmente, mas faço, sem problema, qualquer posição do lado esquerdo. Isso é o lado bom da minha formação, poder jogar em vários sítios e dar mais opções ao treinador».
 
É muitas vezes descrito como um jogador trabalhador, combativo, voluntarioso. Como se descreve?
«Não gosto de me descrever, mas acho que o que me pode definir melhor é o trabalho. Tento sempre dar o meu máximo e é por isso que as coisas têm corrido bem».
 
O sonho da Seleção Nacional
 
Onde quer chegar depois do Boavista?
«Nem pensei nisso. Estou muito feliz aqui, as pessoas gostam de mim. Também gosto muito de viver no Porto. Por isso, pelo menos até acabar o contrato, quero ficar aqui».
 
E a seleção, é um sonho?
«É, sem dúvida. É uma coisa que eu tenho bem clara na minha cabeça. Houve alturas em que eu achei que podia ter ido, e não fui. Mas, acima de tudo, o que eu tenho que fazer é continuar a trabalhar e, se as oportunidades aparecerem, vou estar aqui para as tentar agarrar».
 
Estar na I Liga ajuda...
«Muito. Mais ainda estando a jogar. A seleção é sem dúvida um objetivo meu, até porque este ano há o Europeu de sub-21. É mais uma motivação para eu querer trabalhar mais e melhor».