A fazer uma temporada de muito bom nível no Olympiakos, Bruma não esquece a Seleção Nacional e o Sporting. O extremo de 26 anos tem nove internacionalizações e acredita estar a fazer o que é necessário para regressar às escolhas de Fernando Santos a tempo de ser chamado para o Campeonato da Europa. 

Nesta parte da entrevista ao Maisfutebol, Bruma fala sobre a primeira chamada à seleção A e à ligação com Fernando Santos e Cristiano Ronaldo, revelando ainda qual foi o maior talento que conheceu durante o percurso nas camadas jovens.

Bruma tem contrato com o PSV Eindhoven até 2023. Em Atenas já leva 23 jogos e cinco golos. 

RELACIONADOS: 

Parte I: «Que o Sporting seja campeão, é o meu clube do coração»

Parte III: «O Drogba chegou e eu estava no lugar dele, fiquei à rasca»

Parte IV: «Rejeitei o FC Porto porque não queria voltar já a Portugal»

Maisfutebol – Já não é chamado à seleção desde novembro de 2019. Acredita ainda numa chamada ao Europeu?

B – Acredito, tenho jogado bem e com regularidade. Tenho demonstrado que posso ir. O Fernando Santos conhece-me bem como pessoa e como futebolista. Quero marcar golos, fazer assistências, ser campeão grego e ganhar a taça. O resto não depende de mim, mas acredito que posso estar no Campeonato da Europa. 

MF – A primeira chamada à seleção A é sempre marcante. Ainda se lembra de como soube da notícia?

B – Bateram-me à porta do quarto e disseram-me ‘faz as malas’. Eu estava nos sub21 e surpreenderam-me já de noite. Não estava à espera, já era muito tarde e alguém bateu-me à porta (risos). ‘Faço as malas, faço as malas o quê?’ E o senhor da federação lá me disse que tinha de fazer as malas para me juntar à seleção A e deu-me os parabéns. Lá fui eu. Esse sempre foi o meu sonho e nesse dia em que me bateram à porta… não esperava nada.

MF – Como é o Fernando Santos no treino?

B – Muito calmo, mas quando é para trabalhar ele não é para brincadeiras. Está muito focado na nossa ideia de jogar. Sempre me tratou bem, nada tenho a apontar.

MF – Ele tem falado consigo nos últimos tempos?

B – Já não fala comigo há algum tempo, é verdade. Eu recebo sempre as pré-convocatórias, estou no bom caminho e sei o que o selecionador pensa de mim. Tenho só de continuar a treinar e jogar bem.

MF – Há muita qualidade nesta seleção de Portugal para as posições da frente.

B – Há muitos e bons jogadores. Não vai ser fácil para o mister escolher os titulares e os convocados. Tem de tirar as suas conclusões e depois decidirá bem.

MF – É um privilégio jogar ao lado do Cristiano Ronaldo, o seu ídolo de infância?

B – É, é mesmo um privilégio. Além de ser um grande jogador, o Cristiano é uma ótima pessoa e um exemplo para todos. Fazer uma tabela com ele ou receber uma assistência do Cristiano são coisas que marcam. É um orgulho jogar ao lado dele. Temos uma boa ligação dentro e fora do campo. Na primeira vez que o vi estava muito nervoso.

MF – O que lhe disse o Cristiano quando o Bruma marcou um grande golo ao Real Madrid pela Real Sociedad?

B – (risos) Veio ter comigo ao balneário, falámos um bocado e ele disse-me ‘eh pá, ó bumbinho enganaste-te’. Foi muito divertido.

VÍDEO: o golaço de Bruma no Santiago Bernabéu

MF – Quem é o seu melhor amigo na Seleção Nacional?

B – Dou-me bem com toda a gente, mas o meu melhor amigo é o João Cancelo. Já o conheço há muitos anos das seleções e somos bastante próximos. O João tem muito bom coração, é boa pessoa.

MF – Já que fala nas seleções jovens, o Bruma já esteve em competições importantes. Qual é o momento que guarda com mais saudade?

B – O Mundial de sub20 em 2013. Joguei e marquei muitos golos [cinco], correu-me bastante bem. Também gostei bastante do Europeu de sub21 em 2017. Se estas provas foram marcantes, imagino um Europeu ou um Mundial com a Seleção A.

MF – Qual foi o maior talento que conheceu nas camadas jovens?

B – O Altaír Júnior. Deixou de jogar há alguns anos e agora é empresário. Foi meu colega no Sporting, jogava muito e esperava que atingisse mais longe. Partia aquilo tudo nos treinos. Acho que teve algumas lesões, uma no joelho, e teve de parar quase dois anos. Isso deixou-o desmotivado, mas era um talento magnífico.