Hélder Barbosa tem 36 anos e há cerca de um mês decidiu terminar a carreira de futebolista. Foram 31 anos «a jogar à bola», 21 deles como profissional. O antigo avançado correu o mundo com a bola nos pés e cumpriu sonhos, muitos sonhos.

Começou no Paredes, o clube da terra, mas rapidamente se mudou para o FC Porto, «o emblema da família», onde começou a demonstrar o belo pé esquerdo que tinha.

Somou sete jogos pela equipa principal dos dragões, que o emprestaram a clubes como a Académica, Trofense e V. Setúbal. Hélder Barbosa percebeu que não tinha espaço de azul e branco e por isso rumou a Braga, onde chegou a internacional A por Portugal.

Em entrevista ao Maisfutebol, o ex-jogador, de 36 anos, que passou dez anos no estrangeiro e regressou a Portugal para jogar no Varzim em 2022/2023, afirmou que acredita que um dia vai voltar ao mundo do futebol. Até lá, vai estando ocupado com os seus negócios.

Maisfutebol – Como é que começou a paixão pelo futebol?

Desde cedo que os meus pais viam que eu brincava com tudo para jogar futebol, fosse pedras, latas. Na minha altura não havia camadas de jovens, só aos 18 [anos] é que começávamos a jogar. O meu pai falou com algumas pessoas do Paredes para saber se eu, com cinco anos, podia ir lá dar uns toques na bola. Não podia jogar, mas treinava. Foi assim que comecei a treinar, com colegas dois ou três anos mais velhos.

Como foi a mudança para o FC Porto?

A minha família era portista, os meus pais, os meus primos. O FC Porto e o Boavista estavam interessados em mim, estiveram em minha casa, a tentar convencer o meu pai. Foi uma decisão fácil, uma transição boa. Continuei a viver em casa dos meus pais e a representar um clube que me dizia muito. São memórias fantásticas, é o sonho de qualquer criança. Foi o concretizar de um sonho e de um objetivo, meu e da minha família.

Foi fácil sair do FC Porto?

Foi fácil, porque percebi que não ia ter a vida facilitada, andei de empréstimo em empréstimo durante duas ou três épocas, percebi que não tinha espaço, que o percurso estava a terminar e depois apareceu o Sp. Braga, que foi uma decisão fácil para mim. Ainda bem que tomei essa decisão.

Que balanço faz das três épocas no Sp. Braga?

Foram três épocas fantásticas. Fiz parte de um grande Sp. Braga, que estava em crescimento. Tive a sorte do treinador ser o Domingos Paciência, com quem me cruzei na Académica. Conheci excelentes pessoas e conquistámos coisas boas. Foi a partir daí que o clube cresceu e se juntou aos três grandes.

Foi no Sp. Braga que chegou a internacional A [ndr: num Gabão-Portugal, em 2012]. O que se sente ao entrar em campo de quinas ao peito?

Foi o momento mais alto da minha carreira. Fui um privilegiado por jogar em todos os escalões de formação, mas jogar na seleção nacional é o ponto mais alto, o maior sonho que tinha. Foi um jogo com condições difíceis, com humidade muito elevada, foi histórico para mim.

Esteve dez anos no estrangeiro e só depois regressou a Portugal. Porquê?

A minha esposa ficou grávida. Tinha propostas do estrangeiro, mas era melhor regressar ao meu país, acompanhar o crescimento da minha filha e começar a preparar o fim da minha carreira. Não sabia se ia ser ou não o meu último ano, mas queria voltar à minha zona de conforto, perto do Porto. Apareceu o Varzim.

Depois do Varzim, teve mais propostas?

Tive algumas propostas, mas não fazia sentido abdicar de tanto tempo com a minha família por valores tão baixos. Tive propostas do estrangeiro, mas não era isso que queria.

O futuro vai ser ligado ao futebol?

Acredito que sim. Isto foi a minha vida, o mundo que escolhi. Teria de ser um projeto que me cativasse. Quero fazer a diferença, fazer as coisas à minha maneira, sem passar por cima de jogadores. Um dia voltarei a estar ligado ao futebol, não sei quando será. Até lá vou continuando com os meus negócios.