«Aqui, a vida é boa. Há sempre sol, as praias, o Mónaco está perto. Não tem nada a ver com Portugal». Às vezes turista, Esmaël Gonçalves é, sempre, futebolista do Nice, da Ligue 1 francesa. O português de 20 anos luta para ter um lugar no ataque do clube da Côte d¿Azur. O início da época parecia ser promissor, com duas entradas em jogo no mês de Agosto. Mas, desde então, nada. Agora costuma agora actuar pela equipa B.

«É verdade que quando se desce na equipa não se tem a mesma vontade, e o clube comprou dois avançados nos últimos dias do mercado. Mas tenho de me «remotivar» para ganhar o meu lugar. Estou confiante, porque o treinador Eric Roy disse que estava contente comigo, tenho de continuar a trabalhar e de nunca desistir», conta em conversa com o Maisfutebol.

O Nice contratou-o num dia

Esmaël Gonçalves chegou ao Nice há quatro épocas, oriundo das camadas jovens do Boavista. Mas antes, quase viajava para Liverpool. Foi em 2008. «Ligaram ao meu empresário em Janeiro para dizer que estavam interessados. Em Junho, outra vez, mas depois não houve mais nada, não sei porquê», lembra.

Veio então o interesse do Nice. «Em Agosto, propuseram-me fazer um ensaio. Treinei de manhã e à tarde disseram-me para ficar». Esmaël não hesitou e aceitou. Ele explica : «Queria mudar em relação ao Boavista. Não era muito bom ao nível das condições. Salários, descida do clube. Não estava animado.»

No entanto, continua a atenta ao emblema axadrezado. «Sigo notícias do clube pela Internet, e ainda tenho contactos com amigos que estão no clube, como o Nuno Soares (Nuninho)» ,revela.

«Um dia vou chegar a Selecção»

Esmaël Gonçalves tem dupla nacionalidade. Portuguesa e Guineense, mas dá preferência à camisola das Quinas. Aliás, já representou Portugal nas camadas jovens, dos Sub-17 até aos Sub-20. Foi chamado em Janeiro para um estágio de observação, mas essa foi a única chamada no escalão. «Não estava em forma», explica o avançado.

Esta baixa prejudicou-o muito, diz. Gonçalves não foi convocado para o Mundial Sub-20, o que o deixou desiludido : «Fiquei triste, porque tinha qualidades para estar na equipa. Acho que o seleccionador só olhou para o que fiz no estágio e não no clube. Foi um julgamento muito rápido», estima.

Esmaël Gonçalves quer agora atingir a selecção principal, mas deixa a porta aberta para eventualmente representar a Guiné-Bissau, de onde emigrou com os pais para Portugal aos três anos. «Se eles me chamarem e Portugal ainda não o tiver feito, irei reflectir», disse, antes de acrescentar, ambicioso : «Mas um dia vou chegar à selecção».

« Yannick Djaló não podia sonhar melhor»

Em Nice, Esmaël Gonçalves revelou-se uma ajuda preciosa para Yannick Djaló. Serviu de tradutor e ajudou o ex-sportinguista a encontrar um apartamento. Assegura que o ex-leão está encantado com a nova vida : «Ele sente-se muito bem, disse-me que não podia sonhar com melhor. Ele já se integrou no plantel e começa a falar Francês. Eu e o Kévin Gomis (ex-Naval) vemos-nos muito depois dos treinos», revela.

Para Gonçalves, o colega «dá tudo nos treinos, como se fosse um jogo a sério» e garante: «Ele vive bem com a situação.» Obviamente, fala-se do facto de Yannick Djaló ainda não poder jogar pelo clube. Por seu lado, o avançado também deixa a pele em campo para mostrar-se ao treinador e, porque não, sonhar com voos mais altos. «Gosto de Inglaterra». E Portugal ? «Sou do FC Porto desde pequenino. Estou à espera do telefonema», riu, a concluir.