Mais de quatro meses depois, Álvaro Morata abriu o livro sobre como viveu o Euro 2020, ele que foi alvo de muitas críticas ao serviço da seleção espanhola.

Em entrevista ao El País, o avançado espanhol confessou que foi um período difícil, no qual houve dias até em que lhe custava levantar-se da cama.

«É desagradável [os assobios]. Quando a minha família me tenta confortar, digo-lhes sempre: ‘Imaginem que um primeiro meu que trabalha num posto de gasolina é assobiado e insultado no local de trabalho por não ter gasolina’. Não posso ficar irritado com as críticas ou com os assobios, mesmo que isso me incomode, mas temos de avançar em algumas coisas, como o ódio. Vi pais com caras de ódio ao pé dos filhos, isso não é uma boa educação. Mas enfim, acho que as pessoas estão a começar a perceber que há limites. Dentro de campo podem insultar-me ou cuspir para cima de mim, mas fora, quando estou a caminhar com a minha esposa e os meus filhos, não. É diferente», afirmou.

«Diz-se muitas vezes que tenho fases más, mas também tenho muita força de vontade para sair dos maus momentos. Embora pareça estranho, ganhar o Euro teria sido uma grande vitória, mas para mim já o foi porque superei uma situação que, na verdade, era trágica. Às vezes levantava-me da cama e não tinha vontade de nada. Até que descia para o pequeno-almoço e via os meus colegas ou falava com a minha esposa e recuperava a vontade de tudo», acrescentou.

O internacional espanhol falou ainda sobre o papel dos jovens Gavi (17 anos) e Pedri (18 anos) na seleção espanhola: «É incrível, quando eu tinha 17 anos custava-me muito treinar com a primeira equipa [do Real Madrid], e a primeira vez que vim aqui também, por estar o Fàbregas, o Iniesta… Mas agora vemos o Pedri e o Gavi e eles parecem ter 32 anos, é uma loucura. Ontem estava a conversar com o Gavi, perguntei-lhe onde é que ele morava e ele disse-me que morava em La Masia [academia do Barcelona] porque acabou de fazer 17 anos. Filho da mãe, tenho dez anos a mais do que ele. O Euro que o Pedri fez foi espetacular, e vi o jogo do Gavi contra a Itália e não estava a acreditar que era a estreia. Passava por toda a gente.»