Os problemas de liquidez de que padece a Caja Castilla-La Mancha devem-se particularmente ao peso do sector imobiliário e da construção na sua carteira de créditos, afirmou esta segunda-feira o ministro da Economia espanhol, Pedro Solbes.

Em entrevista à TVE, 24 horas depois da intervenção do Banco de Espanha nesta caixa de aforro, Solbes referiu-se ainda ao impacto na situação da entidade de «declarações menos felizes» de dirigentes políticos que fizeram aumentar a desconfiança dos clientes.

O Banco de Espanha anunciou domingo uma intervenção na CCM para garantir os direitos dos clientes e dos credores da entidade, tendo para isso o Governo aprovado um aval de até 09 mil milhões de euros.

Repetindo a mensagem de tranquilidade, Solbes assegurou que a CCM «não tem qualquer buraco financeiro» sofrendo apenas de problemas de liquidez e assegurou que os clientes tanto podem retirar os seus depósitos como deixá-los na caixa de aforro «com toda a tranquilidade».

«Podem pedir o seu dinheiro com toda a tranquilidade, mas se não lhes faz falta utilizá-lo não têm necessidade de mudar de entidade», afirmou, explicando que os problemas da CCM se devem, entre outras questões, a investimentos realizados no sector imobiliário.

O ministro explicou que, neste contexto, a caixa está a recuperar «lentamente» o seu dinheiro, apesar de com a actual crise financeira os mercados estarem cada vez mais fechados ao financiamento.

Apesar de admitir que no caso da CCM os gestores podem ter-se enganado, isso não significa que tenha havido uma gestão «anómala», aludindo à «concentração» no sector imobiliário e de construção.

«Na minha opinião, algumas das declarações nem sempre foram muito oportunas e geraram uma preocupação maior e isso levou a uma retirada de depósitos da CCM», o que provou ainda mais dificuldades para responder aos problemas de liquidez, disse Solbes.

Sobre o resto do sistema financeiro espanhol, Solbes afirmou que tanto o Governo como o Banco de Espanha estão tranquilos, apesar de recordar que se a situação actual se mantiver não há nenhum sistema «imune».

Relembrou a propósito que, ao contrário do que aconteceu noutros países, o Governo espanhol «não colocou um único cêntimo, em termos orçamentais», nas entidades financeiras, limitando-se apenas a empréstimos ou avais.