*Enviado-especial ao Euro 2016

Portugal está na final! Depois de uns primeiros 45 minutos aborrecidos, a Seleção ainda foi a tempo de ganhar pela primeira vez nos 90 minutos e tem o bilhete para 10 de julho no Stade de France. As bolas paradas, que Fernando Santos chegou a lamentar faltarem a certo momento da campanha, apareceram no momento certo. Tal como o capitão, com um golo soberbo e uma assistência.

Uma primeira parte sem riscos. Foi desta forma que ambas as seleções abordaram a meia-final de Lyon. Gales, abrangente em campo com o seu 3x5x1x1, a cobrir os espaços de uma faixa à outra, com construção paciente iniciada em Joe Allen, mas sobretudo com movimentos de rotura criados pelas suas unidades mais ofensivas, Robson-Kanu e Bale, que davam trabalho sobretudo a Bruno Alves. O central ex-Fenerbahçe, agora do Cagliari, tinha sido o escolhido para controlar o espaço aéreo na ausência de Pepe, mas mostrava-se algo lento perante as arrancadas dos rivais. Portugal esticava o losango até às linhas, com Adrien no vértice mais ofensivo, e Danilo, a aposta para tapar a ausência de William Carvalho, na ponta mais recuada.

A Seleção demorou 16 minutos a chegar à baliza de Hennessey, numa combinação entre Ronaldo e João Mário, com o médio a entrar na área pela direita e a atirar cruzado, ligeiramente ao lado do poste direito. Nani estava perto, mas não o suficiente para conseguir emendar.

Os britânicos mostraram um pouco do seu jogo logo depois. José Fonte evitou o primeiro movimento vertical de Gareth Bale, aos 19, cedendo canto. Ledley cruzou rasteiro para o meio da área e o 11 galês rematou de primeira ao lado.

As arrancadas do avançado do Real Madrid mantinham a equipa das quinas em sentido. Aos 22, cruzou da direita de pé direito e King não chegou, com Fonte atento e pronto a intervir. Logo a seguir, ultrapassou Danilo, fletiu para o meio e rematou para defesa fácil de Patrício. Com o mote dado pelo colega, Robson-Kanu também levou a melhor, aos 25, sobre Bruno Alves com um toque subtil e foi Fonte novamente o bombeiro a evitar o cabeceamento para as redes.

Seleção sem profundidade

Portugal sentia muitas dificuldades em entrar na área galesa, e só o conseguiu uma vez, perto do intervalo, com Adrien a cruzar da esquerda para o segundo poste, onde Ronaldo chegou com pouco espaço para fazer melhor.

Fernando Santos nada mudou ao intervalo, mas a exibição tinha sido medíocre até aí. Adrien e Renato Sanches foram os últimos a ouvir indicações ainda no relvado. Quaresma, André Gomes e Moutinho saíram logo depois para o aquecimento. Portugal preparava-se para mudar, mas não seria preciso.

De bola parada, claro

Um pontapé de canto deu a Portugal o que não conseguia criar em sequência. João Mário tocou curto para Raphäel Guerreiro cruzar de primeira, Fonte bloqueou Collins, o mais alto dos defesas e com quem Ronaldo andava a esbarrar, e o capitão subiu ao primeiro andar, muito mais alto que Chester, para cabecear com estrondo. Cinco minutos depois do intervalo, Seleção chegava à vantagem, aproveitando a conhecida fragilidade dos britânicos nessas situações de jogo.

Quatro minutos depois, o 2-0! Renato atrapalhou Chester no ar, a bola sobrou para Ronaldo à entrada da área , que rematou. Nani, no meio, traiu Hennessey com um desvio subtil. Com uma margem segura, bastava não complicar.

Muitas vezes se gritou o terceiro

Chris Coleman fez as três alterações em poucos minutos. Saíram Ledley, Robson-Kanu e James Collins, entraram Vokes, Church e Jonathan Williams. O esquema mudou para 4x3x1x2, com Bale nas costas dos dois homens da frente.

Antes de Portugal poder reclamar para si uma vantagem maior, Bruno Alves fez um corte importantíssimo quando Vokes se preparava para rematar à baliza. Estava-se ainda no minuto 61.

Voltaria o desperdício português. Um livre de Ronaldo falhou por pouco (63), João Mário não acertou uma recarga a um tiro de Nani desviado por Chester (66), Fonte cabeceou colocado, mas sem muita força para Hennessey (71), Danilo quase aproveitou um erro da transição galesa (78) e o capitão voltaria a desperdiçar depois de um passe enorme de André Gomes e na passada, mas com pouco ângulo e o guarda-redes fora da baliza (86).

Gestão, em nome do controlo

Fernando Santos já há algum tempo que tinha começado a gestão, procurando o controlo absoluto do que restava do jogo. Renato Sanches, Adrien e Nani deram o seu lugar a André Gomes, Moutinho e Quaresma.

O melhor que Gales conseguiu fazer foi obrigar Patrício a um bom voo, num remate de longe de... Bale.

Portugal está na final do Euro 2016, a segunda da sua história. Fernando Santos provou que tinha razão e só se vai embora dia 11. Resta saber em que condição. O grupo continua a acreditar.