Histórico a todos os níveis!
Primeiro título feminino da história. Segundo título europeu seguido para a mesma treinadora. O jogo com a maior assistência de sempre na história dos Europeus, com 87.192 pessoas em Wembley, Londres. Tudo isto e, 56 anos depois, o regresso aos títulos nas grandes competições.
A Inglaterra sagrou-se, este domingo, pela primeira vez na história, campeã europeia feminina. Na final, a seleção comandada por Sarina Wiegman bateu a Alemanha, por 2-1, após prolongamento. Na mesma casa onde, há pouco mais de um ano, a equipa masculina perdeu a final do Europeu para a Itália nos penáltis, as senhoras inglesas ergueram um troféu que já tinha escapado nas finais de 1984 e de 2009, esta última para a Alemanha, com uma goleada por 6-2.
Histórico também porque é, para a recordista Alemanha (oito títulos) a primeira final perdida na prova, fruto da receita de Sarina Wiegman, que depois de ter levado os Países Baixos ao título em 2017, assumiu a equipa inglesa para repetir o título.
Um título inédito, histórico e cujo sucesso residiu em dois nomes saídos do banco: Ella Toone e Chloe Kelly marcaram os golos, o primeiro deles um «chapéu» fantástico (62m) e o segundo num lance de insistência, no prolongamento (110m), a desfazer a igualdade que Lina Magull criara a 11 minutos dos 90.
No final, «Sweet Caroline» em uníssono entre jogadoras e adeptos de Inglaterra, a contrastar com as lágrimas alemãs, que desta feita não levaram a bom porto o velho ditado desportivo.
O filme do jogo
A Alemanha teve ainda antes do apito inicial uma contrariedade no aquecimento, com a avançado Alexandra Popp a ter problemas físicos e a ser rendida, em última hora, por Lea Schüller.
Numa primeira parte equilibrada e com poucas ocasiões, Dabritz ficou perto de ser feliz aos dez minutos, após uma boa jogada da Alemanha, mas a experiente Lucy Bronze colocou a cabeça no caminho da bola e evitou o que podia ter sido o primeiro golo do jogo. Na mesma baliza, após um canto ao minuto 27, a guarda-redes Mary Earps tocou com a bola quase que por instinto e Leah Williamson aliviou a bola quase em cima da linha, num lance em que a Alemanha quase marcou e viu o lance passar pelo vídeo-árbitro, mas sem motivo suficiente para ter sido assinalado penálti.
A Inglaterra, a tentar trocar bem a bola para chegar à frente, assustou por White num remate frontal perto do intervalo, mas o 0-0 não se alterou.
Tal podia ter acontecido logo a abrir a segunda parte e já com Wassmuth em campo nas alemãs. Uma simulação da número 18 abriu caminho a Lina Magull, que rematou pouco ao lado da baliza.
Sarina Wiegman apostou depois em Russo e Toone, retirou White e Kirby ao minuto 56 e meia dúzia de minutos bastaram para a jogadora de 22 anos do Manchester United, lançada na profundidade com um belíssimo passe de Keira Walsh, assinar o 1-0. À saída de Frohms da baliza, um remate em «chapéu» belíssimo, à medida de um Wembley repleto de público.
A Alemanha reagiu de imediato e quase empatou por Magull, num remate ao ferro. Porém, foi mesmo uma questão de tempo até a jogadora do Bayern Munique, uma das melhores na segunda parte do lado germânico, assinar o 1-1 no marcador, na sequência de um lance desenhado por Lohmann e Wassmuth, jogadoras lançadas do banco por Martina Voss-Tecklenburg.
Verdade é que o golo do empate catapultou a Alemanha para uma melhor prestação nos minutos finais do tempo regulamentar e também na primeira parte do prolongamento, com a Inglaterra a sofrer um pouco mais, mas a saber defender-se da melhor fase do adversário, antes de carimbar um dos dias mais felizes da história da seleção nos últimos tempos.
Minuto 110, canto de Lauren Hemp na direita, Lucy Bronze a ganhar o lance na área e Chloe Kelly, que entrara ao minuto 64, a fazer o 2-1 final graças a um subtil desvio com a ponta da bota. Explosão de alegria no relvado e nas bancadas, a virar ainda mais sofrimento para os oito minutos finais antes da definitiva explosão de felicidade, num resultado decidido por alguém que, há pouco mais de um ano, sofrera uma rotura do ligamento cruzado anterior no joelho direito. Kelly voltou a jogar em abril, foi chamada para o Europeu e acabou a decidir para, 56 anos depois e finalmente, os ingleses poderem dizer com certeza: «It's coming home».
Beth Mead foi considerada a melhor jogadora do torneio.