O investimento em activos imobiliários no mercado nacional ascendeu a cerca de 258 milhões de euros (exclui o investimento no sector hoteleiro) nos primeiros seis meses do ano, revelam dados da Jones Lang LaSalle.

Segundo a consultora, este valor representa um decréscimo superior a 30% face aos níveis de investimento registados em igual período do ano anterior.

«O primeiro semestre foi muito penalizado pela crise que se está a fazer sentir no mercado europeu e Portugal está também a sentir os efeitos dessa crise no investimento. Por um lado, os fundos portugueses estão a sofrer com os resgates, estando com muito menos liquidez para investir. A excessiva liquidez que caracterizou o mercado nacional nos últimos anos deixou de existir. Por outro lado, uma fatia importante dos investidores internacionais afectados também com problemas de liquidez ficou ainda mais selectiva nos seus investimentos, estando Portugal a sofrer as respectivas consequências», afirma o director de Capital Markets da Jones Lang LaSalle, Pedro Lancastre.

Alemães continuam «de olho»

No entanto, acrescenta, «um significativo número de investidores, sobretudo alemães, continua a olhar com muita atenção para o nosso mercado, o qual tem e terá activos muito interessantes, nomeadamente no retalho, escritórios no centro de Lisboa e também alguns activos de logística».

O investimento estrangeiro representou 54% do total transaccionado nos primeiros seis meses do ano, embora se tenham registado apenas cinco transacções efectuadas com capital estrangeiro. Pedro Lancastre explica que «os investidores internacionais fazem poucas transacções, mas de grande dimensão. Apesar do decréscimo registado no volume de investimento estrangeiro no nosso país, a maior capacidade dos investidores internacionais para efectuarem aquisições de grande porte fará com que estes tenham sempre um peso acima dos 50%, tal como aconteceu no ano passado».

«A crise financeira e a menor liquidez no mercado irá também afectar as yields no mercado português. Iremos assistir a uma maior selectividade e os investidores, estando menos pressionados, vão esperar que as yields subam. Podemos dizer que, neste momento, dificilmente se farão negócios com yields abaixo dos 6,5% no sector de escritórios e abaixo dos 5,5% no retalho», acrescenta o responsável.

Mercado mundial com queda de 40%

O valor transaccionado em imobiliário comercial a nível global desceu aproximadamente 41% na primeira metade deste ano, face aos níveis recorde registados em igual período do ano passado. Totalizando apenas os 236 mil milhões de dólares, o volume global de investimento recuou, exibindo níveis próximos dos registados no primeiro semestre de 2005.

Apesar dos valores mais baixos, a tendente globalização dos proprietários de imobiliário manteve-se, com a actividade de investimento estrangeiro a continuar a representar cerca de 45% do total transaccionado.

Verificaram-se, contudo, variações regionais, com a percentagem de actividade de investimento estrangeiro a aumentar de 25% para 30% nas Américas, mas caindo dos 46% para os 34% na Ásia-Pacífico e de 66% para os 58% na Europa.