William Carvalho começou por recordar o primeiro dia em que treinou com a camisola do Sporting e evoluiu para os momentos de maior nervosismo dentro de um campo: a final do Euro 2016, reconheceu, foi nesse sentido muito dura.

Pelo caminho o jogador da Seleção Nacional, e do Sporting, comenta os elogios de Rio Ferdinand e diz que sonha ouvir Thierry Henry dizer um dia que é fã dele: porque um dia William já foi fã do antigo jogador francês.

Ainda se lembra do primeiro dia em que treinou com a camisola do Sporting?

Lembro, claro. Até tem uma história engraçada. No Mira Sintra eu levava tudo de casa, a camisola, as chuteiras, as minhas meias, tudo o que era necessário para treinar. No primeiro dia no Sporting fui com o meu saco, com as minhas coisas, normal. Cheguei, senti-me no balneário, no meu canto, e comecei a tirar as minhas coisas do saco. Nisto o Kikas e o Cedric vêm ter comigo: Pá, que estás a fazer? Isto é o Sporting, não precisas disso. Fiquei envergonhado, não conhecia ninguém, mas o Kikas e o Cedric depois foram uns porreiros e mostraram-me como era tudo no clube.

Por falar nisso, qual foi o momento em que esteve mais ansioso?

Houve vários momentos em que estava nervoso. Mas destaco três: o primeiro jogo pelo Sporting, o primeiro jogo pela Seleção e agora a final do Europeu.

Estava muito nervoso na final do Europeu?

O momento entre a saída do hotel até começar o aquecimento é duro. Muito duro.

Como é que lutou contra isso?

Tentei pensar em coisas positivas. Sabes que tens ali o país inteiro a depender de ti, que tens o mundo todo a olhar para ti, é uma responsabilidade muito grande. Estava muito ansioso.

Em que coisas positivas pensou durante essa hora ou hora e tal?

Pensei na minha família, pensei nas dificuldades que passei para ser jogador, no percurso que fiz durante a minha vida. Pensei que não podia perder aquela oportunidade, porque pode perfeitamente ser uma oportunidade de uma vida que não se repete.

Rio Ferdinand disse que o William era «gigante» e «enorme». Sentiu-se a ficar mais rico a cada elogio?

Não, mais rico não. Para já estou igual, pelo menos. Mas Rio Ferdinand foi um dos maiores centrais de sempre, uma referência mundial e claro que é um orgulho enorme ouvir elogios daquele monstro. Mas para já não passou disso.

O Henry e o Zidane eram os seus ídolos... Acha que agora é o William Carvalho o ídolo do Henry?

[risos] Gostava que fosse. Infelizmente ainda não tenho conhecimento disso. Mas se um dia ouvisse os meus ídolos de juventude dizer que eram meus fãs, era fantástico.

Depois do ano com Leonardo Jardim, muita gente insistiu que estava em baixo de forma. O que acha o William: isso é verdade ou as pessoas estão a ver mal?

O primeiro ano no Sporting foi especial, foi a estreia e ninguém conhecia o William. Como ninguém me conhecia, não sabiam como eu jogava. Fiz uma época excelente, a grande nível. Por isso as pessoas ficaram com uma perceção do meu rendimento nivelada por cima. Quando não correspondo a esse nível, há uma certa desilusão. Eu sei que tenho tido oscilações no meu rendimento. Mas sei também o que posso fazer e quando ouço críticas fico com mais vontade de fazer grandes exibições e calar as críticas.

LEIA TAMBÉM:

WILLIAM EM ENTREVISTA: «Segredo? A fé do mister, foi contagiante»

WILLIAM EM ENTREVISTA: «A paixão fez-me não assinar pelo Benfica»

WILLIAM EM ENTREVISTA: é mais difícil ouvir Ronaldo ou Jorge Jesus?

WILLIAM EM ENTREVISTA: sabe quem inventou o cântico dos festejos da Seleção?