Quando se fala de F.C. Porto e Benfica, Rodriguez é sempre notícia: mesmo que não o queira. Ora numa altura em que já só se pensa no clássico, não deixa de ser (no mínimo) divertido que o uruguaio tenha vindo trazer mais emoção ao jogo do próximo domingo. Por linhas travessas, é verdade, mas trouxe.

Trouxe a partir dos sessenta minutos, quando foi expulso por um desentedimento desnecessário. Travou-se de razões junto à linha de fundo com Uzulmes e abriu a porta ao segundo amarelo. É verdade que o árbitro italiano podia ter resolvido a coisa de outra forma, mas ninguém o pode criticar pelo que fez.

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A expulsão de Rodriguez virou do avesso um jogo que estava destinado a ser um grande bocejo. O F.C. Porto vencia, dominava e estava mais perto de aumentar a vantagem do que o contrário. A partir do momento em que uruguaio saiu, e ainda que a vantagem numérica só tenha durado seis minutos, o Besiktas cresceu.

Cresceu como parecia difícil fazer. A primeira parte, aliás, apresentara um adversário frágil, que justificava em pleno o sexto lugar do campeonato turco. Há uma jogada que é sintomática: o Besiktas coloca quatro avançados contra três defesas num contra-ataque e encerra o lance sem arte sequer para fazer o remate...

Golo sim, golo não? Quem sabe?

Dizia-se que o Besiktas cresceu a partir da expulsão de Rodriguez. Cresceu ao ponto de ter provocado os primeiros assobios no Dragão: empatou o jogo, atirou duas bolas aos ferros e criou mais um par de oportunidades para marcar. O estádio caiu mudo e gelado. Por isso se fala de como Rodriguez incendiou o clássico.

No fundo houve 34 mil almas que aprenderam a sofrer quando vêem este Porto jogar em casa. Percebeu-se que o Dragão não é um santuário de vitórias caseiras. O que é um dado novo. A três dias do clássico, esta era seguramente a pior notícia que o F.C. Porto podia receber. Até porque o Benfica venceu.

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Não seria justo terminar esta análise sem falar do remate de Ruben Micael que fez o estádio gritar golo. Primeiro ponto: nem pelas imagens televisivas se consegue ter certezas. Segundo ponto: muda muito pouco no que se disse antes, mesmo que o golo tivesse sido validado o Dragão aprendera a sofrer na mesma.

Apurados, com toda a justiça

De resto, e mesmo que pela primeira vez não tenha ganho em casa, o F.C. Porto apurou-se para a próxima fase da Liga Europa. A vitória do CSKA em Viena deu-lhe essa garantia. É justo, por tudo o que os dragões fizeram ao longo da prova. Ao mesmo tempo permitiu sair desta noite com o sentido de dever cumprido.

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O dever mais importante, ao qual faltou um mais acessório: a vitória. A tal que a equipa procurou com mais intensidade nos dez minutos finais e que podia ter sido conseguida numa hora de clara superioridade. Agora é tempo de preparar o clássico. E desejar que chegue depressa, para corrigir os equívocos desta noite.