O Dragão sacia o apetite enquanto pede a factura por uma refeição estragada. Os dirigentes contabilizam prejuízos pela ausência de Hulk e a equipa mantém a chama nos relvados. O F.C. Porto luta em duas frentes, tribunais e terrenos de jogo, com a revolta como combustível. O Marítimo sucumbe à arte de Falcao e companhia. Bela ceia pascal, com cinco golos na Invicta (4-1).
Trechos de futebol-espectáculo no regresso ao Estádio do Dragão. O recinto portista não abria portas desde 6 de Março, data do empate caseiro com a Olhanense. O F.C. Porto vinha de um tombo em Alvalade (3-0), viajando para outro no Emirates (5-0). A Liga e a Champions desapareceram no horizonte.
Um mês depois, os adeptos olham para esta equipa e pensam nos «ses». Hulk voltou melhor que nunca, mais objectivo, mais explosivo. Falcao marca ainda mais, até numa bicicleta genial. Guarín cresce para dar toques de calcanhar, Ruben Micael parece homem da casa. Concentrando os momentos de génio, descobre-se um F.C. Porto mais forte que a realidade pontual. Talvez tarde de mais.
Aviso: o filme já começou
Quando Hulk levantou a plateia sem festejar golo, já a equipa da casa tinha resolvido a contenda. Decorriam cinquenta e cinco minutos de jogo e o brasileiro partiu a louça, sentando Alonso e Rafael Miranda para obrigar Peçanha à defesa da noite. Suspiros nas bancadas.
O Marítimo nunca venceu no Porto mas contribuiu para uma bela propaganda. Deixou o Dragão de olhos em bico com um golo em quinze segundos! Fernando, por norma discreto e eficaz, soltou Taka com uma insensatez impressionante e o japonês anunciou o escândalo. Ilusão, apenas e só.
Num início louco, Radamel Falcao abafou o vistoso pontapé do adversário nipónico. A beleza daquela bicicleta é incomparável. Ao quarto minuto de jogo, após insistência de Guarín, o goleador colombiano iniciava a reviravolta com um movimento a merecer contínuas repetições.
Se tiver acesso às imagens do jogo, reveja ainda o segundo tento do F.C. Porto. Peçanha surge como vilão, após um movimento colectivo que deve ser destacado. A bola passou por seis jogadores portistas, em nove passes e mais de trinta segundos em posse. Meireles percorreu meio-campo e surgiu na área a concluir, com a ajuda do guardião forasteiro. Cambalhota artística no marcador.
Raul Meireles correu tanto neste inicio frenético que quebrou fisicamente. Cedeu o seu lugar a Belluschi e os dragões acusaram a ausência. O Marítimo agradeceu e cresceu pelos flancos, chegando ao intervalo com o empate nos pés de Kléber. Hélton negou o golo e descansou os corações azuis e brancos.
Dupla para a goleada
A enxurrada atmosférica não travava a marcha portista. O F.C. Porto entrou melhor, sem Taka pelo caminho (saiu para permitir o regresso de Pitbull à antiga casa), e caminhou para a goleada com uma dupla a matar saudades.
Falcao bisou após canto cobrado por Hulk e ultrapassou Cardozo entre os melhores marcadores. Duas dezenas de tentos, selo de garantia para uma contratação acertada. Kléber, também ele com espaço merecido no palco português, comprovou a noite acertada de Hélton, com um remate de calcanhar que permitiu nova defesa ao guardião portista. Última ameaça real do Marítimo.
O F.C. Porto ganhava confiança para dar espectáculo. Vinha o tal lance assombroso de Hulk, mais uns toque de calcanhar de Guarín e Ruben Micael. A plateia gostava e aplaudia. Era uma questão de tempo. Ao minuto 78, Tomás Costa lançou a corrida do «Incrível» e este aprendeu uma lição de eficácia, resignando-se a um remate com o pé direito que abanou as redes de Peçanha. Final de festa rija no Dragão, com receios de inconsequência.