A carreira por José Peseiro assinala uma passagem pelo Real Madrid, quando era adjunto de Carlos Queiroz, em que lhe permitiu trabalhar com as maiores estrelas do futebol mundial: era o Real Madrid dos Galáticos.

Do plantel merengue faziam parte na altura Zidane, Beckham, Luís Figo, Ronaldo, Raul, Roberto Carlos, Casillas e Makelele.

Ora a fartura era tanta que o Real Madrid se tornou naquela altura um grupo difícil. Foi notícia, aliás, o dia em que alguns jogadores se irritaram com um jogo treino em Huelva, que os obrigou a perder várias horas quando tinham anúncios publicitários agendados.

É uma infelicidade para um treinador ter um grupo assim?

«Infeliz não é quem treina esses jogadores, infeliz é quem não tem possibilidade de os treinar. Quem treina esses tem sorte. O jogador difícil é aquele que não sabe o que vale», começou por responder José Peseiro.

«Esses rapazes, por exemplo, são jogadores com uma capacidade de aprendizagem muito melhor. Têm egos muito grandes? Têm, mas como é possível não terem com o dinheiro que ganham. Em qualquer lado são reis.»

Depois disso veio a garantia de que os galácticos só precisavam de carinho.

«Não é fácil ser um craque desses, não podem ter uma vida normal. Esses jogadores geralmente são os que falam mais nos treinos, são os que brincam mais, porque são os precisam de mais apoio humano, são os que precisam de mais carinho», atirou.

«Eles veem cinema em casa, vão a uma discoteca e ficam no privado com cinco ou dez amigos, vão a um restaurante e ficam numa sala à parte, enfim, não têm muito contacto pessoal. Não podem estar rodeados de gente como nós estamos. Por isso têm mais necessidades dos que os outros, precisam de conversar mais, precisam de ter mais relações humanas nos treinos.»