Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, em declarações na flash interview da SportTV, após a vitória sobre o Boavista, por 2-1, na 30.ª jornada da Liga:

«[Estava assim tão desagradado para fazer três trocas ao intervalo?] Tinha a ver com algumas situações do jogo que tínhamos preparado e não estávamos a conseguir entrar com mais perigo na organização defensiva do Boavista. Estavam algo confortáveis no jogo, a defender num bloco médio-baixo, nós a darmos sempre solução com bola no pé, poucos movimentos, não para que entrasse a bola, mas para esticar a linha defensiva adversaria e, aí, já encontrávamos o tal espaço entre linhas.

Algumas coisas não correram tão bem, apesar de que 11 para 11 fomos sempre melhores e, mesmo quando o Marcano, foi expulso - e aproveito para dizer que é um jogador maduro, um jogador experiente, prejudicou-se em prol da nossa vitória - , criámos perigo, saídas que podiam ter acabado com o jogo. O Boavista sempre presente, bem organizado, a sair com perigo, com bons jogadores. Enfim, um jogo competitivo, um dérbi, sabíamos disso. Sabíamos que, independentemente das fases destas duas equipas, é sempre um jogo muito aguerrido, um bocadinho mais da parte do Boavista em relação àquilo que nós fomos. Devíamos ter tido outra agressividade no jogo, com e sem bola. Aí, o Boavista esteve um bocadinho por cima. No geral, a vitória assenta-nos muitíssimo bem, fomos merecedores desta vitória.

[Só conseguiu passar para a frente quando igualou esses níveis] Hoje, o futebol, na minha opinião, é os níveis de agressividade que se tem nos duelos ofensivos e defensivos. O Pepê teve algumas vezes, por exemplo, na primeira parte, situações de um para um onde ele é fortíssimo e as coisas não estavam a sair tão bem. No corredor central, muitas vezes, baixávamos um quarto homem no início da construção e não era necessário, depois faltava gente numa linha diferente da que queríamos e sabíamos que podíamos explorar.

Uma ou outra coisa não correu tão bem, mas isso faz parte, o Boavista também tem mérito, porque jogou de forma agressiva, intensa e nós gostamos destes jogos. Mudei o que tinha a mudar, de acordo com o que estava a ver. Precisávamos de mais profundidade, mais movimentos agressivos na frente, principalmente no ultimo terço com o Galeno e o Toni Martínez. O Franco, a vir para dentro, com pouco espaço define muito bem. Fomos vendo e lendo o jogo da forma que acho que era a mais importante para ganharmos

[Com 10 concedeu mais ao Boavista do que desejaria?] O adversário está completamente tranquilo na tabela classificativa, com bons intervenientes, uma dinâmica interessante quando tinha a bola, com gente rápida nos flancos, com médios que sabem tratar bem a bola. Nunca é fácil com menos um jogador. Procurámos fechar o espaço central com um quinto homem na nossa linha defensiva, começou por ser o Galeno, depois encaixei o Matheus [Uribe] quando entrou o Marko [Grujic] na parte final para controlarmos bem a largura, porque eles tinham muita largura no campo, e é normal e natural a jogar em superioridade numérica. Depois, jogámos com três homens no meio-campo, o Franco, o Marko e o Otávio e o Galeno mais solto na parte final. Mesmo nesse período, e é curioso porque achei que depois da expulsão vimos o que é a nossa entreajuda, a nossa solidariedade, a nossa agressividade no jogo, a forma como partíamos com perigo para o ataque.

Uma palavra também para a claque, o estádio estava muito bonito, agradeço que todos venham aqui mas, se estamos aqui, toda agente tem de apoiar. Houve um momento em que era mais o medo de perder do que a vontade de ganhar. Pareceu-me que houve algum receio da parte do público. Tem de haver confiança na nossa equipa, tem de haver confiança do que somos quando o jogo não corre tão bem. Mas só todos juntos é que vamos continuar a dar luta.

[Está criado o ambiente de que toda a gente acredita no título?] Esteve sempre. Esteve mais difícil, mas, no FC Porto, os sócios, adeptos e simpatizantes acreditam como nós e revêm-se muito na equipa. Mesmo quando estávamos a 10 pontos, acreditámos sempre que era possível fazer melhor em cada jogo para ir atrás daquilo que queremos. Sabemos que estamos numa posição que não é a melhor, não dependemos de nós, mas vamos dar essa luta até ao fim, sem dúvida absolutamente nenhuma.

Quinta-feira temos aqui mais um jogo importante, é um jogo que nos permite estar na final no Jamor mais uma vez, um dia de festa e queremos muito estar presentes no Jamor. Daí o meu convite a toda a gente que esteve aqui hoje: se puderem, quinta-feira, vemo-nos aqui.»