* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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A teoria do caos não se confirma. É oficial, Portugal está bem representado no torneio olímpico de futebol. Gonçalo Paciência, o avançado que não entra nos planos imediatos de Nuno Espírito Santo, fez o primeiro golo na estreia contra a Argentina, Pité – outro dragão – fechou as contas num momento horrível do guarda-redes Rulli. Glória com todas as letras.

O 1-0 é, aliás, belíssimo. Na esquerda, Bruno Fernandes – um dos melhores em campo – levantou a cabeça e percebeu que Gonçalo preferiu travar e esperar à entrada da área. Os argentinos fizeram o movimento normal de aproximação defensiva à baliza. Caíram na armadilha de Paciência.

O passe do médio da Udinese é ótimo, a receção e tiro do dragão sem poiso ainda superior. 66 minutos, o primeiro passe em direção ao sonho das medalhas nestes Jogos Olímpicos de português com sotaque.

O MAISFUTEBOL seguiu AO MINUTO o jogo no Engenhão

Gonçalo e Bruno foram, de resto, os arquitetos das melhores coisas que Portugal fez na partida. E foram muitas. Logo a abrir o avançado tocou de primeira para o médio marcar, mas em posição ilegal, por exemplo.

Numa versão em teoria longe da ideal, a Seleção Nacional mostrou robustez no processo defensivo (Edgar Ié e Tobias levam nota alta, bem suportados pela fiabilidade de Podstawski), lucidez na construção (Bruno melhor do que Sérgio Oliveira e André Martins) e conforto nos movimentos de Gonçalo e Salvador Agra.

Tudo isto, é importante referir, diante de uma Argentina apetrechada com peças de inestimável valor. O ponta de lança Jonathan Calleri – bola na trave portuguesa aos 49 minutos – é o goleador do São Paulo, Angel Correa fez uma época interessante no Atlético Madrid, Giovanni Lo Celso já foi contratado ao PSG.

Tanto luxo para nada. Pité, cedido pelo FC Porto ao Tondela, não tem até agora um único jogo na I Liga, mas já poderá contar no futuro aos netos que marcou nuns Jogos. Rulli cobriu-se de ridículo, é verdade, mas o movimento da direita para dentro e o pontapé de pé esquerdo são inatacáveis.

Há qualidade, qualidade alta, nestes eleitos de Rui Jorge. A equipa aparenta uma união tirada a papel químico dos recentes campeões da Europa, tanto nas ideias partilhadas para o jogo, como na forma como se entrega nos momentos em que é preciso sofrer.

E Portugal sofreu, claro, pois a Argentina tentou limitar os danos e incomodar Bruno Varela. 2-0 até ao fim, sinais interessantíssimos de uma seleção que só tem quem quis e pôde vir. Nesta altura, certamente, os que ficaram de fora devem estar a sentir inveja. Uma inveja boa.