O Sporting transformou um pesadelo que chegou a parecer negro num sonho cor-de-rosa, com uma reviravolta incrível frente ao LASK Linz. Os austríacos chegaram a aterrorizar Alvalade com uma pressão demolidora durante mais de vinte minutos que resultou num golo, mas que poderiam ter sido muitos mais. Durante mais de uma hora a equipa de Silas não conseguiu incomodar o atrevido adversário, mas depois virou o resultado em apenas cinco minutos e acabou o jogo com um sorriso largo.

FICHA DE JOGO

O pesadelo começou com o apito inicial do jogo. O LASK abriu o jogo com um pontapé longo e, de imediato, subiu em bloco, pintando a área de Renan de cor-de-rosa, logo com ameaça de golo, com Renan a cortar com os pés in extremis. Foi apenas o início, uma vez que os austríacos instalaram-se ali, nas imediações da área leonina e, durante 25 minutos, não saíram dali. Já se sabia que o LASK jogava assim, com uma intensa pressão sobre a bola, a toda a largura do terreno, mas a verdade é que os leões pareceram completamente surpreendidos com o jogo do adversário.

Silas mudou quase tudo. Depois de assumir que procurou aproveitar o que já estava feito na Vila das Aves, o novo treinador procurou aumentar a sua impressão digital na equipa esta noite,mas correu tudo mal. Montou uma equipa com três centrais que não chegavam para fazer frente à onda rosa que asssolou a área dos leões nos minutos inciciais. Supostamente, seria Neto que devia fechar o lado direito, mas, mal o jogo começou, teve de ir em auxílio dos dois companeiros do eixo, deixando o corredor entregue a Miguel Luís. O desnorte já se via aí. O LASK impunha mudanças nas ideias de Silas. À força. Além disso, Doumbia andava perdido, a tentar apagar fogos em várias frentes e até Bruno Fernandes não encaixou neste novo sistema. Tudo à deriva, portanto.

Os leões procuravam sair a jogar, como Silas tinha pedido, com um jogo curto, mas não conseguiam fazer dois passes seguidos, perdendo bolas atrás de bolas. Mathieu comprometia, mas Doumbia também e até Bruno Fernandes cedia à forte pressão dos austríacos que atacavam o detentor da bola com três, quatro, cinco homens e, depois de ganhar, desdobravam-se em leque, criando de imediato linhas de passe e caminhos para fuzilar a baliza de Renan.

O golo surgiu como inevitabilidade, aos 16 minutos, tantos tinham sido os erros dos leões, tantas tinham sido as oportunidades dos austríacos. Mais uma perda de bola de Mathieu e Goiginger serviu Raguz que, sem marcação, atirou cruzado, sem hipóteses para a Renan. Mas ainda havia mais. Goiginger estava endiabrado, ganhava todas as bolas e atirava-as de imediato para a baliza de Renan. O segundo golo esteve na iminência de acontecer, sempre que o leão preso no interior da sua área.

Aos 22 minutos, o leão conquistou o primeiro canto e ouviram-se aplausos em Alvalade. Foi por esta altura que o LASK levantou o pé e o Sporting aproveitou para sair do sufoco, subindo uns metros no terreno. A equipa de Silas conseguia voltar a respirar, mas chegou ao intervalo sem conseguir incomodar Schlager, o guarda-redes do LASK que mal tocou na bola nestes primeiros 45 minutos. A fechar a primeira parte, Acuña, que já tinha sido advertido pelo árbitro, arriscou a expulsão, ao reagir a um puxão de camisola de Ranftl com o cotovelo.

Silas baralha e volta a dar

Silas deitou fora a estratégia que tinha delineado para este jogo e improvisou um novo plano. Tinha de mudar. Prescindiu de Neto e lançou Vietto, transfigurando o Sporting para um 4x3x3. No entanto, o LASK voltou a entrar forte, agora mais nas bolas paradas, e o segundo voltou a estar à vista.

A verdade é que o Sporting estava melhor e o LASK começava a acusar o esforço despendido na primeira parte. Na sequência de um pontapé de canto de Bruno Fernandes, Luiz Phellype, sem marcação, desviou de cabeça e empatou o jogo. Na primeira verdadeira oportunidade, os leões chegavam ao empate. As bancadas ganhavam novo ânimo, mas no relvado o jogo continuava totalmente em aberto. O Sporting estava mais equilibrado, mas Acuña, com pouco apoio de Vietto, continuava a sentir dificuldades para travar as investidas de Frisier e Gonginger.

Mas, num jogo de parada e resposta, Luiz Phellype encontrou Bruno Fernandes destacado sobre a direita e o capitão, com toda a calma do mundo, levantou a cabeça e atirou para o segundo poste. Em cinco minutos o Sporting virava um jogo em que arriscou ser goleado. Incrível. O Sporting procurava serenar o jogo e o LASK já não tinha forças para exercer a incrível pressão que tinha exercido no arranque do jogo.

Os austríacos, impulsionados pelos barulhentos adeptos que estiveram em Alvalade, ainda procuraram um último fôlego para chegar ao empate, mas agora tinham uma equipa completamente diferente pela frente. O Sporting já conseguia gerir, conseguia respirar, conseguia responder.

O jogo acabou mesmo assim, com Luiz Phellype, apenas com o guarda-redes pela frente, a desperdiçar o terceiro golo dos leões.

A verdade é Silas estreia-se na Europa com a segunda vitória consecutiva como treinador dos leões e o Sporting conquistou três pontos importantíssimos que lhe permitem continuar na luta.