Uma das histórias mais curiosas do livro «Jorge Costa- Capitão» tem a ver com a forma bem-disposta como José Mourinho planeou com o seu capitão a marcação a Morientes na final da Liga dos Campeões entre o F.C. Porto e o Mónaco.
Numa altura em que a saída iminente de Mourinho do comando técnico do F.C. Porto começava a ser conhecida mesmo fora do clube, Jorge Costa revela ter usado essa informação, com conhecimento do seu treinador, numa tentativa descontraída de «amaciar» o ponta-de-lança que o Real Madrid emprestara aos franceses: «Disse-lhe para não dificultar muito a vida ao F.C. Porto, caso contrário o Mourinho não o levaria com ele para o Chelsea». Morientes não percebeu à primeira e Jorge Costa insistiu: «O mister vai sair e quer levar-te com ele, mas se hoje o trais ele não tem moral para te contratar. Vê se não dás cabo do teu futuro». A verdade é que Morientes não rendeu o habitual, mesmo que o «recado» tenha tido pouco a ver com isso.
Mas no livro percebe-se que os diálogos descontraídos com os pontas-de-lança são uma prática habitual do central portista. Mais um exemplo, em discurso directo, no dia da estreia pelo Charlton. Equipa adversária: o Chelsea. Adversário directo: o holandês Jimmy Hasselbaink, ex-Campomaiorense e ex-Boavista. Jorge Costa sai do banco nos minutos finais da parte, entra em campo, passa por Jimmy, diz-lhe qualquer coisa e o avançado dos blues desmancha-se a rir. O próprio Jimmy desvendou mais tarde o mistério, como o livro recorda: «Ele disse-me que precisava de ir ao Mundial e que tinha de fazer boas exibições, foi claro nas palavras (...) sai da minha frente, Jimmy, não faças estragos». E, tal como aconteceu com Morientes, a equipa de Jorge Costa acabou esse jogo sem golos sofridos.