Casa Pia, Rio Ave e Desp. Chaves. A luta pela subida em dois pontos e dois confrontos diretos ainda pela frente. Tudo a postos para uma grande reta final da II Liga, entre três clubes com muita história dentro a lutar pelo título de campeão e pelos dois lugares de subida direta. Ao terceiro, restará o play-off com o 16º classificado da Liga.

A 31ª jornada ajudou a clarificar as coisas no topo, com o Feirense a descolar do pelotão depois da derrota em casa do Penafiel que abriu uma distância de oito pontos para o pódio. Também voltou a ter mudança de líder, alternância que tem sido recorrente nas últimas jornadas entre Rio Ave e Casa Pia, agora com os Gansos na frente após a 31ª jornada. As duas equipas vão defrontar-se precisamente na próxima ronda, nos Arcos, mas esse não é o último ponto alto do calendário, já que o campeonato fecha com um Rio Ave-Desp. Chaves.

Para já segue na frente o Casa Pia, o centenário clube lisboeta que apenas há três épocas se estreou na II Liga e está tão perto de chegar ao topo do futebol português tanto tempo depois: tem uma única participação no primeiro escalão, no longínquo ano de 1938/39. Depois da época de estreia no escalão profissional ter sido cortada pela pandemia e de um processo que se arrastou até o Casa Pia ser readmitido na competição, na temporada passada os Gansos terminaram no nono lugar. Esta época, de novo com Filipe Martins no banco, apresentaram uma candidatura forte e cedo tomaram posição nos lugares da frente. Têm a melhor defesa, apenas 19 golos sofridos em 31 jornadas, e também a melhor diferença de golos do campeonato.

Na primeira volta o Casa Pia perdeu na receção ao Rio Ave (1-0). O duelo do próximo domingo definirá, além de tudo, quem ganha vantagem no confronto direto. Depois, os Gansos recebem o Vilafranquense e fecham o campeonato no Estádio do Mar, frente a um também tranquilo Leixões.

O Rio Ave perdeu terreno na jornada 31, com o empate em casa do Mafra, duas jornadas depois de ter perdido na visita ao Nacional, resultados que interromperam uma notável recuperação dos vilacondenses, que somaram seis vitórias consecutivas entre o final de fevereiro e o início de abril. Entre os candidatos, serão talvez a equipa com o calendário mais exigente na ponta final, uma vez que além de defrontarem os dois rivais ainda visitam na penúltima jornada o aflito Sp. Covilhã. Mas mantêm o objetivo de regressar tão rápido quanto possível à elite, com uma candidatura forte, liderada no banco desde o início da época por Luís Freire, um treinador com dedo especial quando toca a lutar pela subida de divisão.

O play-off, instituído na temporada 2020/21, é de má memória para o Rio Ave: foi assim que acabou por descer na época passada. Perdeu ambos os jogos com o Arouca, despedindo-se do principal escalão ao fim de 13 épocas consecutivas repletas de marcos na história do clube, da estreia europeia com a presença na fase de grupos da Liga Europa em 2014/15 ao apuramento na temporada anterior para as finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga. Com um total de 27 participações na Liga, o Rio Ave é também o único dos três candidatos à subida que já foi campeão da II Liga, por duas vezes, em 1995/96 e 2002/03.

A terceira equipa na corrida é o Desp. Chaves, que tem vindo a fazer um campeonato de trás para a frente. Com apenas três vitórias nas primeiras 12 jornadas, os transmontanos embalaram a partir daí, mantendo no banco Vítor Campelos, o treinador que tinha terminado a época anterior, e somando pontos atrás de pontos: perderam apenas um jogo desde o início de dezembro. Nesse período, venceram os dois rivais diretos: 4-1 frente ao Casa Pia, ganhando vantagem no confronto direto depois de terem perdido na primeira volta por 0-1, e 2-1 frente ao Rio Ave, que visitarão na última jornada. Antes disso tem dois confrontos com outros históricos: visita o Farense e recebe o Estrela da Amadora. A dois pontos da liderança e a um da subida direta, o Desp. Chaves tem o segundo melhor ataque da competição, atrás apenas do Benfica B. O sonho de voltar à elite três anos depois de se ter despedido, em 2019, para a 17ª participação no principal escalão, continua em aberto.

A segunda competição profissional do futebol português é por tradição muito competitiva, mas o passado recente não abre espaço a grandes reviravoltas na reta final. Nas últimas dez épocas, nunca o líder mudou nas últimas três jornadas e apenas por duas vezes houve alteração nesse período na segunda posição: em 2014/15, quando o União da Madeira acabou por recuperar de três pontos de desvantagem nas últimas três jornadas e assegurar o segundo lugar de subida, atrás do Tondela, e na temporada seguinte, também com o último lugar de promoção muito embrulhado a três jornadas do fim. Nessa época, com o FC Porto B campeão, o Desp. Chaves liderado por Vítor Oliveira foi precisamente o primeiro em posição elegível para subir, seguido do Feirense, que ultrapassou o Portimonense na reta final.

Veja a classificação da II Liga

O calendário das últimas três jornadas para os candidatos à subida:

32ª jornada

Farense-Desp. Chaves, 30 abril

Rio Ave-Casa Pia, 1 maio

33ª jornada

Casa Pia-Vilafranquense, 7 maio

Sp. Covilhã-Rio Ave, 7 maio

Desp. Chaves-Estrela Amadora, 8 maio

34ª jornada

Rio Ave-Desp. Chaves, 15 maio*

Leixões-Casa Pia, 15 maio*