Há um ano, Lionel Messi tentou sair do Barcelona enviando um burofax a informar o clube espanhol da rescisão do contrato. A saída acabou por acontecer apenas este verão, mas agora o documento que deu tanto que falar no ano passado, foi divulgado.

O Mundo Deportivo divulgou o conteúdo da mensagem, enviada às 18h19 de 24 de agosto, que fez o mundo conhecer o significado da palavra burofax:

«Pelo presente, e de acordo com o disposto na cláusula 3.1. do contrato de 25 de novembro de 2017, expresso a minha vontade de rescindir o meu contrato de trabalho como jogador profissional de futebol com a data de vigência a partir de 30 de agosto de 2020», começava por dizer o documento.

A referida cláusula 3.1. do último contrato de Messi dizia que sua vigência era de 10 de julho de 2017 a 30 de junho de 2021, mas dizia que o jogador poderia sair livre, sem pagar qualquer indemnização, no final da temporada 2019/20, desde que comunicasse ao clube essa intenção até 10 de junho de 2020. Só que o aviso de Messi é de 24 de agosto, dois meses e meio depois da data mencionada.

No burofax, Messi defende que a cláusula ainda era válida, já que o final da temporada foi atrasado devido à pandemia.

«Entendo que o marco temporal do direito de rescisão unilateral deve ser interpretado em conformidade com as circunstâncias excecionais nas quais se desenrolou a temporada de competição futebolística 2019/20, devido ao Estado de Emergência e à situação de força maior derivada da pandemia Covid-19», diz Messi.

«Por causa da excecionalidade, a temporada 2019/2020 terminou ontem, embora no caso da nossa equipa, esta conclusão tenha ocorrido no dia 15 de agosto, altura em que regressámos a Barcelona após a eliminação da Liga dos Campeões na noite de 14 de agosto», continua o jogador argentino, referindo-se ao facto de, na véspera do envio do burofax se ter jogado a final da Liga dos Campeões (entre Bayern de Munique), que é normalmente encarada como o final da época futebolística.

«Em qualquer caso, no prazo de dez dias depois do final da temporada de competição e cumprindo assim com o prazo acordado para exercer a cláusula 3.1, em conformidade com o conteúdo material do nosso contrato, que deve interpretar-se conforme as circunstâncias excecionais da temporada 2019/20, exerço o meu direito de rescindir o contrato com o prazo efetivo de 30 de agosto de 2020, com as consequências previstas na referida estipulação 3.1», termina o burofax de Messi.

O jogador argentino acabou por ter de ficar em Barcelona, porque a cláusula especificava que uma temporada começava a 1 de julho e terminava a 30 de junho do ano seguinte e o argumento da excecionalidade da época não foi aceite.