Hulk, agora no Atlético Mineiro, recordou ao podcast do clube a passagem por Portugal, onde assumiu que viveu um dos melhores momentos da carreira, com exceção ao castigo que teve de enfrentar após o caso do túnel da Luz.

«Tivemos um Benfica-FC Porto no Estádio da Luz. Houve uma confusão no final do jogo, todos envolvidos e sobrou para mim e o Sapunaru, que apanhámos 23 jogos de suspensão. Estava no balneário e ouvi que agrediram o nosso massagista, que era muito querido por nós. Levantei-me e fui a correr, quando lá cheguei não tinha existido agressão. O Sapunaru começou a discutir com o chefe de segurança e veio toda a gente do FC Porto. Houve o primeiro empurrão e começou a confusão. Na confusão, tu defendes o que é teu», começou por contar.

«Acabou a confusão, veio o Rui Costa, que ainda está lá e foi um jogador espetacular, sempre fui fã. Perguntou-me o que aconteceu e eu disse que era uma palhaçada. O delegado estava lá a apontar umas coisas, até aí tudo normal, tomámos banho e quando entro no autocarro começa a sair na imprensa que eu e o Sapunaru estávamos suspensos por tempo indeterminado», disse ainda.

O internacional brasileiro destacou a importância de Jesualdo Ferreira nesse período e revelou que o FC Porto não o deixou sair para Itália. «Quando saiu o castigo, o Milan veio atrás de mim e estava tudo certo para ir emprestado com opção de compra. Conversei com o Antero Henrique e o presidente: “Deixem-me ir, por favor, quero jogar”. Eles disseram que não, porque ia dar tudo certo. Não me deixaram ir para o Milan. Quando o FC Porto já não tinha chances de ser campeão, acabaram com o meu castigo e disseram que só devia ter apanhado três jogos.»

Hulk lembrou ainda que Pinto da Costa o abordou sobre a possibilidade de representar Portugal. «Tive a minha primeira convocatória para a seleção brasileira em 2009. Antes disso, o presidente do FC Porto chamou-me e perguntou se eu jogaria pela seleção portuguesa. Estava a ser cogitado e queriam que jogasse por Portugal. Disse-lhe: “Presidente, sinto-me lisonjeado e não tenho palavras para agradecer. Estou há pouco tempo em Portugal e ter essa possibilidade… mas tenho o sonho de jogar pelo Brasil. Se der continuidade ao meu trabalho, vou ter uma chance”. E tive a oportunidade.»

O avançado de 37 anos já tinha estado em Portugal no início do século, no Vilanovense. Nessa altura, foi com o motorista do clube ver um jogo ao Estádio do Dragão e aí começou a paixão pelos portistas.

«Quando estava para sair do Japão, tinha duas propostas: FC Porto e Atlético de Madrid, pelos mesmos valores. Disse que um dia ia jogar no FC Porto e vou realizar esse sonho. Foi uma das melhores escolhas, onde tudo mudou na minha vida», recordou.

Hulk falou ainda de dois treinadores portugueses. O atacante descreveu Villas-Boas como uma «pessoa espetacular» que criava muito bom ambiente, como conseguiu fazer no Zenit, quando o brasileiro pensou em deixar a Rússia.

«Quando eu e o Witsel chegámos ao Zenit, os jogadores começaram a ter ciúmes, o grupo dos russos, mais antigo. Fazíamos golos e nem comemoravam. Até disse ao meu empresário que queria ir embora, nem tinha passado um ano. Não me deixaram sair, mas passado um ano e meio, limparam o balneário, tiraram alguns jogadores e renovaram o meu contrato. Aí, uniu tudo. O ambiente ficou muito bom, depois chegou Villas-Boas e o ambiente era espetacular», contou.

Em 2021, Hulk deixou a China e regressou ao Brasil, mas poderia ter rumado ao Tottenham, para ser treinado por José Mourinho.

«Tinha proposta da Turquia, de Portugal, de Inglaterra, mas não podia jogar em Inglaterra porque estava na China há quatro anos e meio e não poderia jogar no futebol inglês, porque tem uma regra de que precisas de estar na seleção brasileira num curto período ou em algumas ligas que eles selecionam. Quando o meu contrato estava a acabar, Mourinho até fez um contacto com o meu empresário para me levar para o Tottenham, mas não dava. Disse que iria para o Brasil», revelou.