O presidente da Comissão Europeia garantiu, esta sexta-feira, ser indispensável um compromisso da Turquia em defesa do laicismo do Estado e dos direitos das minorias, para a boa condução do processo de adesão iniciado em 2005, segundo a agência Lusa.

Falando num almoço com empresários e jornalistas em Istambul, no segundo de três dias de visita ao país, José Manuel Durão Barroso exigiu consensos políticos e sociais para as reformas em curso, insistindo no diálogo com a poderosa instância militar, bem como no respeito pelas liberdades de credo e expressão.

«As reformas só poderão ir por diante se houver um consenso resultante do diálogo», afirmou Durão Barroso, segundo o qual «o debate social deve assentar no compromisso».

««Não é sinal de fraqueza fazer concessões»

Barroso está acompanhado pelo comissário para o Alargamento, Olli Rehn, num momento em que o Tribunal Constitucional turco tem em curso um pedido da oposição para a interdição do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) por alegadas actividades contrárias ao laicismo de Estado (consagrado na Magna Carta).

O AKP, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, gosta de se definir como um partido «democrático conservador», enquanto a oposição secularista o considera dominado por islamitas.

Se o Tribunal Constitucional banir de cena o AKP, ficariam seriamente comprometidas as negociações para adesão da Turquia à União Europeia.

Barroso insistiu: «Não é sinal de fraqueza fazer concessões, pelo contrário, o espírito comunitário é precisamente o de tentar conciliar diferenças para chegar a compromissos».

O chefe da diplomacia turca, Ali Babacan, classificou a estada de Barroso de «muito importante» neste período de profundas transformações na Turquia, frisando que a meta é a adesão à União Europeia.