As doenças mentais afetam cada vez mais os atletas, mesmo aqueles que deixam um legado enorme no desporto. É o caso de Thierry Henry, ex-futebolista francês, que admitiu ter sofrido de depressão durante a sua carreira, mas que foi algo que sempre evitou falar abertamente.

«Ao longo da minha carreira, e desde que nasci, devo ter estado em depressão. Eu sabia disso? Não. Eu fiz alguma coisa a respeito? Não. Mas adaptei-me de uma certa maneira. Durante muito tempo eu menti porque a sociedade não estava preparada para ouvir o que eu tinha para dizer», explicou o antigo jogador do Monaco, Juventus, Arsenal, Barcelona e NY Red Bulls, em conversa no podcast «The Diary Of A CEO».

No entanto, o campeão do Mundo pela França em 1998, contou que durante a pandemia de covid-19, na altura em que treinava o Montréal, do Canadá, teve uma recaída, mas que isso fez com que finalmente se sentisse capaz de confrontar os seus sentimentos.

«Durante a pandemia parei de andar, não conseguia mais. Estava isolado em Montreal e não conseguir ver meus filhos durante um ano foi difícil. Chorava todos os dias. As lágrimas vinham sozinhas. Não sei porquê, mas talvez estivessem lá há muito tempo. Tecnicamente não fui eu, foi o jovem eu [a chorar por] tudo que não conseguiu: aprovação», acrescentou.

Por fim, o atual treinador dos sub-21 de França explicou a sua difícil relação com pai, que sempre o criticou muito quando era jovem, especialmente no que tocava às suas exibições como jogador, o que poderá ter contribuído para os problemas de saúde mental que sofreu.

«Quando eu era pequeno, ele dizia sempre: «Não estiveste assim tão bem». Obviamente que quando ouves muito isto, é algo que fica na cabeça. Lembro-me de um jogo em adolescente, em que marquei todos os golos numa vitória por 6-0. O meu pai disse-me que não deveria estar feliz, porque errei uma receção ou porque errei um cruzamento», concluiu.