Principais frases da entrevista a Oprah Winfrey do ex-ciclista Lance Armstrong, que admitiu pela primeira vez que se dopou durante a carreira:

«Na minha opinião, não teria sido possível ganhar por sete vezes o Tour sem recorrer a substâncias dopantes».

«Dopar-me fazia parte do trabalho».

«Tomei as minhas opções, o erro é meu».

«O meu cocktail era EPO, transfusões sanguíneas e testosterona. Não tinha acesso a nada que os outros não tivessem».

«No início da minha carreira, tomava cortisona, depois a geração EPO começou. Iniciei-me na EPO em meados dos anos 90».

«Não vou dizer o nome de ninguém. Eram 200 ciclistas (no pelotão da Volta a França), haveria certamente alguns que não se dopavam».

«Porquê agora? Essa é a melhor pergunta, a mais lógica. Não tenho uma boa resposta. É demasiado tarde (para admitir ter-me dopado), provavelmente para a grande maioria das pessoas, e a culpa é minha. Esta situação é uma grande mentira, que repeti inúmeras vezes».

«Estava habituado a controlar tudo na minha vida, especialmente no que toca ao desporto. Agora a história é tão má, tão tóxica, e grande parte é verdade».

«Era uma história perfeita e não era verdade».

«Eu não inventei a cultura (do doping), mas não tentei pará-la. Agora a modalidade está a pagar por isso e eu lamento».

«Eram tempos competitivos. Éramos todos homens adultos, fazíamos as nossas escolhas. Houve pessoas na equipa que optaram por não o fazer».

«Havia um grande nível de exigência (na US Postal). Esperávamos que os rapazes estivessem em forma, fortes, para desempenharem as suas funções. Neste momento não sou o tipo mais credível, mas nunca fiz isso (pressionei colegas para usarem doping)».

«Não sentia estar a fazer nada errado. (Sentia que estava a fazer batota?]. Não. Olhava para a definição de batota e não via o que estava a fazer como isso. Via como um meio de jogar ao mesmo nível dos outros».

«Era assustador».

«Nunca fui apanhado, porque o meu organismo estava limpo durante a competição».

«Sinto-me mais feliz agora do que naquela altura. Mais feliz hoje do que ontem».

«Não percebia a magnitude das minhas ações. O importante é que agora começo a entender. Vejo a revolta nas pessoas. A sensação de traição... está tudo lá. Eram pessoas que me apoiavam, acreditavam em mim e, por isso, têm todo o direito de se sentir traídas. Terei de pedir desculpa a essas pessoas toda a minha vida [referindo-se a antigos colegas e respetivos familiares que ameaçou, difamou e processou]».

«Nunca houve um controlo positivo [na Volta à Suíça em 2001], nunca houve um encontro secreto com o diretor do laboratório de Lausana, nem nenhum pagamento à União Ciclista Internacional».

«Assumi que as histórias continuariam por muito tempo. Só estamos sentados aqui porque houve uma investigação federal que decorreu durante dois anos. Todos os envolvidos na história foram chamadas, depuseram. Havia um homem com uma arma e um distintivo e as consequências eram sérias».

«Amo o ciclismo. Amo mesmo. E dizer isso pode parecer... as pessoas dizem que desrespeitei o Tour, a cor amarela, a modalidade, a camisola. É verdade. Abusei do meu poder e desrespeitei as regras. Foi uma escolha minha. Não tenho moral para dizer "vamos limpar o ciclismo"».

LUSA