A professora britânica Gillian Gibbons, condenada por insultar o Islão, foi hoje transferida pelas autoridades da prisão de mulheres de Omdurman, leste de Cartum, para um lugar secreto para garantir a sua segurança, noticia a Lusa.

Fontes policiais sudanesas citadas pela agência espanhola EFE disseram que a transferência deveu-se às ameaças feitas contra a professora numa manifestação hoje, em Cartum, onde foi exigida a sua execução.

«Eles transferiram-na do estabelecimento prisional para a deixar noutras mãos e noutro local para a proteger e esperar até que cumpra o seu período de prisão», disse o advogado da professora, Kamal al-Gizouli, pouco depois de a ter visitado.

«Eles querem de uma maneira ou de outra completar o período de detenção sem dificuldades, o que teria um impacto nas suas relações externas», disse ainda, adiantando que Gibbons estava de boa saúde.

Milhares de sudaneses manifestaram-se após as orações de sexta-feira, junto ao palácio presidencial, contra a clemência da punição dada a Gillian Gibbons, reivindicando a «punição pelas balas para aqueles que insultam o profeta».

Várias pessoas tinham paus, facas ou machados e ameaçaram linchar a professora se a encontrassem.

Centenas de agentes da polícia anti-motim foram destacados para o local, mas não reprimiram a manifestação, tendo apenas impedido que alguns manifestantes chegassem perto da embaixada do Reino Unido em Cartum.

Gibbons, 54 anos, foi condenada quinta-feira, por um tribunal de Cartum, a 15 dias de prisão e deportação do país por insultos ao Islão.

A professora foi julgada por ter permitido que os seus alunos de seis e sete anos de uma escola da capital sudanesa dessem o nome de Maomé a um urso de peluche, apesar de ser proibida qualquer representação do profeta.

Devido ao artigo 125 do código penal sudanês, a professora poderia ter sido punida até seis meses de prisão, 40 chicotadas e uma multa.

Dado estar detida desde domingo, a professora já cumpriu cinco dias da sua pena, enquanto o Reino Unido continua os contactos diplomáticos para a libertar.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, falou com um elemento da família da professora para expressar o seu pesar, disse a sua porta-voz.

«Ele deu conta da sua preocupação e do facto de estarmos a fazer tudo o que podemos para garantir a sua libertação», disse a porta-voz Emily Hands aos jornalistas.