A Islândia é o conto de fadas da qualificação europeia para o Mundial. E a Croácia tenta fugir no play-off ao pesadelo em que se tornou a campanha para o Brasil. Este será um jogo de estados de espíritos opostos e de contrastes. Começando pelos treinadores.

De um lado está Lars Lagerback, 65 anos, o veterano treinador que esteve com a Suécia em cinco fases finais de grandes competições (e ainda no Mundial 2010 com a Nigéria) e que levou uma jovem seleção da Islândia do último pote do sorteio, a par com Andorra ou San Marino, ao segundo lugar do grupo e à presença no play-off. Do 90º lugar no ranking da FIFA ao atual 46º. O homem que está a dois jogos de colocar um pequeno país de 300 mil habitantes no Campeonato do Mundo.

Do outro Niko Kovac, 42 anos, antigo internacional que assumiu pela primeira vez uma equipa em janeiro deste ano, quando se tornou selecionador dos sub-21 da Croácia. E que se viu promovido a treinador principal quando saiu Igor Stimac, depois de a seleção ter somado apenas um ponto nos últimos quatro jogos de qualificação. Kovac vai estrear-se no banco da seleção nesta quinta-feira, em Reiquejavique.

Kovac e a Croácia têm o peso do favoritismo. E tudo a perder. Desde a independência têm sido presença regular em fases finais, mas falharam o Mundial 2010 e novo falhanço agora seria duplamente penoso. Kovac garante que jogadores estão bem conscientes da importância do momento antes da decisão com a Islândia: «Vejo que eles querem provar ao público que são melhores do que as pessoas pensam. Querem provar que são jogadores de topo e uma equipa de topo que merece estar no Brasil. Vão ver a verdadeira face da seleção croata neste primeiro jogo.»

Além da pressão, Kovac tem no entanto outros problemas práticos para resolver. Ivica Olic está em dúvida, com um problema nas costas, e o lateral Strinic é baixa confirmada. Além disso, há vários jogadores cruciais em risco de falharem o segundo jogo se virem amarelo: Modric, Rakitic, Kranjcar e Mandzukic.

Quanto à Islândia, é uma equipa em estado de euforia, que fez uma campanha à custa de enorme auto-confiança e a aproveitar o melhor de uma geração jovem, com talento e com jogadores a crescer em alguns dos grandes campeonatos da Europa, assente nos jogadores que em 2011 conseguiram apurar-se para a fase final do Europeu sub-21. 

Lagerback, que incluiu Eggert Jonsson e Helgi Danielsson, ambos jogadores do Belenenses, nas opções, resume assim, em entrevista à FIFA, o que viu na seleção islandesa quando chegou, em 2011, e como a levou até aqui: «Achei que era uma equipa com potencial. Quando conheci os jogadores, defini como meta subir 50 lugares no ranking da FIFA, e acabar entre os dois primeiros do grupo. Olhei para a equipa e para os jogadores que estiveram tão bem no Euro sub-21 e vi que era uma equipa com talento e potencial. Mas definir metas é fácil; do que precisamos é que os jogadores estejam à altura do desafio. Foi o que eles fizeram.»